Texto 2
Envelhecer
Arnaldo Antunes
A coisa mais moderna que existe nessa vida é
envelhecer
A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra
cabeça aparecer
Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que
agora é pra valer
Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a
esquecer
Não quero morrer pois quero ver
Como será que deve ser envelhecer
Eu quero é viver pra ver qual é
E dizer venha pra o que vai acontecer
Eu quero que o tapete voe
No meio da sala de estar
Eu quero que a panela de pressão pressione
E que a pia comece a pingar
Eu quero que a sirene soe
E me faça levantar do sofá
Eu quero pôr Rita Pavone
No ringtone do meu celular
Eu quero estar no meio do ciclone
Pra poder aproveitar
E quando eu esquecer meu próprio nome
Que me chamem de velho gagá
Pois ser eternamente adolescente nada é mais demodé
Com uns ralos fios de cabelo sobre a testa que não
para de crescer
Não sei por que essa gente vira a cara pro
presente e esquece de aprender
Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai
correr
Disponível em: http://letras.mus.br/arnaldo-antunes/1547283/. Acesso em: 17/04/14. Fragmento adaptado.
Em relação ao texto 2, assinale a alternativa correta.
À medida que os filhos crescem, os pais esquecem que já foram jovens.
Em “Com uns ralos fios de cabelo sobre a testa que não para de crescer”, o pronome relativo “que” substitui a locução adjetiva “de cabelo”.
É preciso morrer para entender o que significa envelhecer.
Envelhecer é uma coisa moderna; ao contrário, ser eternamente adolescente está fora de moda.