ITA 2015

TEXTO 2

[1] Nos estudos de antropologia política de Pierre Clastres*, estudioso francês que conviveu durante

muito tempo com tribos indígenas sul-americanas, menciona-se o fato de frequentemente os membros

dessas tribos designarem a si mesmos com um vocábulo que em sua língua era sinônimo de “os

homens” e reservavam para seus congêneres de tribos vizinhas termos como “ovos de piolho”, “sub

[5] homens” ou equivalentes com valor pejorativo.

Trago esta referência – que Clastres denomina etnocentrismo – eloquente de uma xenofobia em

sociedades primitivas, porque ela é tentadora para propor origens precoces, quem sabe constitucionais

ou genéticas, no ódio ou recusa das diferenças.

A mesma precocidade, dizem alguns, encontra-se nas crianças. Uma criança uruguaia, com clara

[10] ascendência europeia, como é comum em nosso país, resultado do genocídio indígena, denuncia, entre

indignada e temerosa, sua repulsa a uma criança japonesa que entrou em sua classe (fato raro em

nosso meio) e argumenta que sua linguagem lhe é incompreensível e seus traços são diferentes e

incomuns.

Se as crianças e os primitivos reagem deste modo, poder-se-ia concluir – precipitadamente – que

[15] o que manifestam, de maneira tão primária e transparente, é algo que os desenvolvimentos posteriores

da civilização tornarão evidente de forma mais complexa e sofisticada, mas com a mesma contundência

elementar.

Por esse caminho, e com a tendência humana a buscar causalidades simples e lineares, estamos

a um passo de “encontrar” explicações instintivas do ódio e da violência, em uma hierarquização em que

[20] a natureza precede a cultura, território de escolha das argumentações racistas. A “natureza” – o

“biológico” como “a” origem ou “a” causa – operam como explicação segura e tranquilizadora ante

questões que nos encurralam na ignorância e na insegurança de um saber parcial. [...]

(*) Pierre Clastres (1934-1977)

(VIÑAR, M. O reconhecimento do próximo. Notas para pensar o ódio ao estrangeiro. In: Caterina Koltai (org.) O estrangeiro. São Paulo: Escuta; Fapesp, 1998)

Considere o primeiro parágrafo do Texto 2 (linhas 1 a 5) e a tirinha abaixo.

O par de pronomes que expressa a dicotomia dos conjuntos tribos/navegantes e tribos vizinhas/não navegantes é

a

eu – você 

b

tu – vós 

c

ele – eles 

d

nós – eles 

e

vocês – eles 

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Resposta
D
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