Texto 10
Texto 11
Texto 12
Pero Vaz Caminha
a descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem
gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.
ANDRADE, Oswald de. Pero Vaz Caminha. In: MORICONI, Italo (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 79.
Texto 13
“E assim seguimos o nosso caminho por
este mar – de longo até que na terça-feira das
Oitavas de Páscoa – eram os vinte e um dias de
abril [...] topamos alguns sinais de terra [...]”.
“Mostraram-lhes um carneiro: não
fizeram caso dele; uma galinha: quase tiveram
medo dela – não lhe queriam tocar, para logo
depois tomá-la, com grande espanto nos olhos”.
[...]
“Ali andavam entre eles três ou quatro
moças, muito novas e muito gentis, com cabelos
muito pretos e compridos, caídos pelas
espáduas, e suas vergonhas tão altas e tão
cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de
as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma
vergonha”. [...]
CAMINHA, Pero Vaz de. “A carta”. In: CASTRO, Silvio. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 2015. Excertos. p. 87, 91 e 94.
Texto 14
“Desta maneira ir-lhes-ei ensinando as orações e doutrinando-os na Fé até serem hábeis para o batismo. Todos estes que tratam conosco, dizem que querem ser como nós, senão que não têm com que se cubram como nós, e este só inconveniente tem. Se ouvem tanger a missa, já acodem e quando nos vêm fazer, tudo fazem, assentam-se de giolos, batem nos peitos, levantam as mãos ao céu [...].”
NÓBREGA, Manuel da. Em defesa das almas indígenas. In: OLIVIERI, Antonio Carlos; VILLA, Marco Antonio (Orgs.). Cronistas do Descobrimento. Série Bom Livro. São Paulo: Editora Ática, 2000. p. 48. Excertos.
A intertextualidade pode ser evidenciada nas relações entre textos literários e não literários.
Com base na leitura dos Textos 10, 11, 12, 13 e 14, e tendo em vista a noção de intertextualidade, bem como as características da produção literária do Quinhentismo brasileiro, assinale a alternativa CORRETA.
O Texto 10 é o intertexto, ou seja, texto de base para a releitura do Texto 11. Os Textos 10 e 11 mantêm, assim, identidade visual e temáticas idênticas, na construção da representação da imagem caricatural do povo brasileiro.
O Texto 11 reproduz fielmente a mensagem do intertexto (Texto 10), com a oposição entre a imagem das fábricas, no pano de fundo da tela, e os rostos das pessoas unidas para lutar por empregos e melhores condições de trabalho, temática também apresentada na obra “Operários”, de Tarsila do Amaral.
Os Textos 12, 13 e 14 mantêm relações intertextuais, configurando-se como exemplos representativos da literatura de informação do Quinhentismo brasileiro, com ênfase na linguagem poética e nas figuras de linguagem.
Exemplos da literatura de catequese do Quinhentismo brasileiro, os Textos 13 e 14 apresentam relações intertextuais temáticas implícitas, com ênfase na plurissignificação da linguagem literária e nos elementos de literariedade para tematizar a doutrinação dos nativos.
O Texto 12 apresenta relação intertextual explícita com o Texto 13, ou seja, nota-se o intertexto (“A Carta de Pero Vaz de Caminha”) na superfície textual, desde a apresentação do título até a retomada de diferentes passagens da narrativa de Caminha.