PUC-RS Verão 2010

TEXTO 1

Se não tivéssemos medo, não teríamos nenhum
receio de carros em alta velocidade, de animais ve-

nenosos e de doenças contagiosas. Tanto nos seres
humanos como nos animais, o medo tem por objeti-

[5] vo promover a sobrevivência. Com o decorrer do tem-

po, as pessoas que sentiram medo tiveram mais
pressão evolutiva favorável.
Hoje, não precisamos mais lutar por nossas vi-

das na selva, mas o medo está longe de desapare-

[10] cer, pois continua servindo ao mesmo propósito que
servia na época em que nos encontrávamos com um
leão enquanto trazíamos água do rio. A diferença é
que agora carregamos carteiras e andamos pelas
ruas da cidade. A decisão de usar ou não aquele ata-

[15] lho deserto à meia-noite é baseada em um medo
racional que promove a sobrevivência. Na verdade,
o que mudou foram só os estímulos, já que corre-

mos o mesmo risco que corríamos há centenas de
anos e nosso medo ainda serve para nos proteger
[20] da mesma forma que nos protegia antes.
A maioria de nós jamais esteve perto da peste
bubônica (epidemia que atacou a Europa na época
medieval), mas nosso coração para ao vermos um
rato. Para o ser humano, além do instinto, também
[25] há outros fatores envolvidos no medo. O ser huma-

no pode ter o dom da antecipação, o que nos faz
imaginar coisas terríveis que poderiam acontecer:
coisas que ouvimos, lemos ou vemos na TV. A maio-

ria de nós nunca vivenciou um acidente de avião,
[30] mas isso não nos impede de sentar em um avião e
agarrar firme nos apoios dos braços. A antecipação
de um estímulo de medo pode provocar a mesma
reação que teríamos se vivêssemos a situação real.
Isso também é um benefício obtido com a evolução.

http://pessoas.hsw.uol.com.br/medo1.htm 01/09/2009 (adaptado).

TEXTO 2

A coragem (...) só se torna uma virtude quando a
serviço de outrem ou de uma causa geral e generosa.
Como traço de caráter, a coragem é, sobretudo, uma
fraca sensibilidade ao medo, seja por ele ser pouco
[5] sentido, seja por ser bem suportado, ou até provocar
prazer. É a coragem dos estouvados, dos brigões ou
dos impávidos, a coragem dos “durões”, como se diz
em nossos filmes policiais, e todos sabem que a virtu-

de pode não ter nada a ver com ela.
[10] Isso quer dizer que ela é, do ponto de vista moral,
totalmente indiferente? Não é tão simples assim. Mes-

mo numa situação em que eu agiria apenas por egoís-

mo, pode-se estimar que a ação generosa (por exem-

plo, o combate contra um agressor, em vez da súplica)
[15] manifestará maior domínio, maior dignidade, maior li-

berdade, qualidades moralmente significativas e que
darão à coragem, como que por retroação, algo de seu
valor: sem ser sempre moral, em sua essência, a cora-

gem é aquilo sem o que, não há dúvida, qualquer moral
[20] seria impossível ou sem efeito. Alguém que se entre-

gasse totalmente ao medo que lugar poderia deixar aos
seus deveres? (...) O medo é egoísta. A covardia é ego-

ísta. (...) Como virtude, ao contrário, a coragem supõe
sempre uma forma de desinteresse, de altruísmo ou de
[25] generosidade. Ela não exclui, sem dúvida, uma certa
insensibilidade ao medo, até mesmo um gosto por ele.
Mas não os supõe necessariamente. Essa coragem não
é a ausência do medo, é a capacidade de superá-lo,
quando ele existe, por uma vontade mais forte e mais
[30] generosa. Já não é (ou já não é apenas) fisiologia, é
força de alma, diante do perigo. Já não é uma paixão, é
uma virtude, é a condição de todas. Já não é a cora-

gem dos durões, é a coragem dos doces, e dos heróis.

André Comte-Sponville. Pequeno tratado das grandes virtudes. p. 55 a 57 (adaptado).

TEXTO 3

INSTRUÇÃO: Para responder à questão , preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso), considerando as afirmativas sobre o texto 3 e relacionando-as, se for o caso, com as ideias presentes nos textos 1 e 2.

( ) No primeiro quadrinho, a palavra “hostilidade” está sendo usada com uma conotação positiva.

( ) O conceito de “ação generosa”, apresentado no texto 2 (linhas 11 a 20), é exemplificado nos planos das crianças, no segundo quadro do texto 3.

( ) No terceiro e no quarto quadrinhos, as falas de Hamlet indicam que ele já vivenciou a situação descrita.

( ) O “dom da antecipação”, explicitado no texto 1 (linhas 25 a 28), pode ser ilustrado pela manifestação das crianças, no quinto quadro do texto 3.

A sequência correta, resultante do preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a

V – F – F – V

b

F – V – F – V 

c

V – F – V – F 

d

F – F – V – V

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Resposta
A
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