TEXTO 1
Se Eu Morresse Amanhã
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! Que céu azul! Que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
(AZEVEDO, Álvares de. Apud Heller, Bárbara e outros,orgs. Literatura Comentada.SP, Abril Educação,1982, p.51.)
TEXTO 2
Post Mortem
Quando do amor das Formas inefáveis
No teu sangue apagar-se a imensa chama,
Quando os brilhos estranhos e variáveis
Esmorecem-se nos troféus da Fama.
Quando as níveas Estrelas invioláveis,
Doce velário que um luar derrama,
Nas clarezas azuis ilimitáveis
Clamarem tudo o que o teu Verso clama.
Já terás para os báratros descido,
Nos cilícios da Morte revestido,
Pés e faces e mãos gelados...
Mas os teus Sonhos e Visões e Poemas
Pelo alto ficarão de eras supremas
Nos relevos do Sol eternizados!
(Sousa, Cruz e – in Poesias Completas. RJ.Ed. Tecnoprint S.A, s/d.p.29)
Assinale a alternativa em que não se encontra comentário ou juízo crítico adequado sobre os autores dos textos em questão.
“A exemplo dos companheiros de geração (Geração da Poesia Mal do Século), apresenta como característica um lirismo amoroso impregnado de erotismo. No seu caso, porém, trata-se de um sensualismo intensamente vivenciado, daí ser revestido da autenticidade inexistente nos demais autores do período.
“Sua trajetória poética evolui do particular para o geral: as primeiras produções são impregnadas da dor do negro ‘emparedado’, enquanto que as últimas são marcadas pela dor de ser homem, de simplesmente existir.
“Introduz na literatura brasileira a ‘linha do humorismo poético’, constituída por poemas que dessacralizam aspectos marcantes da poesia romântica como o amor, o namoro e a idealização da figura feminina.
“Embora antecipe manifestações expressionistas, surrealistas e modernas, revela-se grande cultor do soneto de feição parnasiana, evidenciada no formalismo e cuidado vocabular.”
“De modo geral, a figura feminina é mostrada com ambiguidade, colocada entre o anjo e o demônio, pois que ora é apresentada como um ser platonizado, ora como um ser decaído.”