Texto 1: O PLACEBO E A ARTE DE CURAR (Luiz Geraldo Benetton)
1 O termo placebo costuma estar popularmente associado a feitiços, magia ou, quando não, a elevado grau de histeria. Porém, o efeito placebo, suas repercussões e sua fisiologia, começam a ganhar o respeito de muitos cientistas. Se o que interessa ao médico e ao paciente é o alívio e a cura, não importa conquistar esse objetivo à custa do efeito placebo.
2 Por definição, placebo é uma substância inerte, sem propriedades farmacológicas, administrado a uma pessoa ou grupo de pessoas, como se tivesse propriedades terapêuticas. Na medicina, os objetivos do placebo são, principalmente, para trabalhos científicos onde se quer testar a eficácia de medicamentos através de comparações. Ministra-se o medicamento para um grupo de pacientes com determinada doença e o placebo para outro grupo com a mesma doença, depois se comparam os resultados.
3 Durante esses estudos, chamados de duplo-cego, nem os pacientes e nem os médicos sabem quem está em uso do placebo ou do medicamento. Após o período de avaliação, o pesquisador (que sabe quem toma o placebo e quem toma o medicamento) compara os resultados.
4 O propósito desse artigo, aqui, em um site de psiquiatria, é ilustrar de maneira científica o grau de sugestionabilidade das pessoas, bem como a importância do psiquismo nos sintomas orgânicos. Para se ter uma idéia do fenômeno placebo, Cindy Seiwert cita que a proporção de pacientes que respondem positivamente aos placebos pode ser de 20% a 100%, dependendo do tipo de distúrbio e sintoma a ser tratado.
5 É bom termos em mente que o conceito de placebo é bastante amplo. Originalmente, o nome placebo era exclusivo de algum produto para uso oral (cápsulas de farinha de trigo, por exemplo) ou injetável (soro fisiológico), mas hoje, também se reconhece como placebo outras formas de interferência física, tais como acupuntura, ultra-som, aplicação local de pomadas, cremes, etc. Classificaria aqui também os benzimentos, passes e outras peripécias do gênero, incluindo as “cirurgias espirituais”, por exemplo, que não provando serem genuínas, também devem ser consideradas placebos.
6 Como o leitor já deve suspeitar, as experiências feitas com placebo resultam, quase sempre, em alta porcentagem de resultados eficazes nas mais variadas doenças e sintomas. E não é só isso.
7 O placebo também determina uma variada lista de efeitos colaterais em pessoas que se sentem mal depois de tomar, digamos, uma boa dose de nada.
8 Sim. O ser humano é altamente sugestionável e vive às voltas com enorme hipocrisia orgânica, exceto você que está lendo, é claro.
A principal importância desse texto se resume em:
esclarecer em que consiste o placebo e que quem com ele se medica convive com a hipocrisia orgânica.
descrever os diversos males que se curam com o placebo.
mostrar que a mente humana é sugestionável e que pode levar o indivíduo à cura.
enfatizar que o placebo é um “medicamento”, que se apresenta sob diversas formas físicas e que é capaz de curar.