UECE 2014/2

Texto 1

 

Comunicação e alteridade

 

[1]   Na nossa vida de todo dia, estamos

sempre em contato com outras pessoas.

Esse contato frequente acontece a partir das

afinidades e das semelhanças, mas inclui

[5] também as relações de diferença entre o que

pertence ao “eu” e o que diz respeito ao

“outro”. Para se referir a essas relações,

costuma-se utilizar uma noção importante:

alteridade.

[10]   A palavra alteridade, ao pé da letra,

significa “natureza do que é outro”. Para

entender melhor seu significado, podemos

opô-la a expressões como “identidade” e

“subjetividade”. As relações de alteridade

[15] dizem respeito às diferenças que perpassam

o nosso cotidiano, e que podem se

manifestar nas divergências de opinião em

um debate, na diversidade de preferências

que define as comunidades nas redes sociais,

[20] ou podem estar presentes em questões bem

mais complicadas, como as diferenças de

nacionalidade, de raça, de religião, de

gênero ou de classe social, que motivam

conflitos dos mais diversos.

[25]   Perceber as relações de alteridade entre

várias pessoas nos leva não apenas a

identificar os traços dessas diferenças – de

nacionalidade, de cor da pele, de sotaque –,

mas a considerar como se produzem,

[30] socialmente, tanto a diferença quanto a

identidade. É preciso compreender que o

“eu” e o “outro” não são entidades fixas e

isoladas, mas se constituem na relação: nós

só nos tornamos quem somos a partir da

[35] visão do outro, assim como o outro só se

torna diferente de nós porque projetamos

sobre ele um olhar que o diferencia. Ainda

que, muitas vezes, seja difícil perceber,

nessa jornada ocorre um processo contínuo

[40] de diferenciação: eu sou desse jeito, e não

daquele outro; eu gosto dessas coisas, e não

dessas outras.

  Um processo semelhante acontece com as

identidades coletivas (sejam elas nacionais,

[45] étnicas, sexuais, religiosas ou outras). Elas

não são “essências”, mas sim construídas

histórica e socialmente: o “ser brasileiro” não

significa somente “ter nascido no Brasil”,

mas sim fazer parte de uma identidade que

[50] se transforma com o passar do tempo. Dizer

“sou brasileiro” significa dizer,

implicitamente, “não sou argentino”, “não

sou chinês”, “não sou moçambicano”.

Identificar-se com um grupo é diferenciar-se

[55] de outro, estabelecer fronteiras entre “nós” e

“eles”, em um processo que é permeado não

apenas por escolhas, mas também por

tentativas de fixar as identidades, dizendo –

muitas vezes implicitamente – que ser de um

[60] jeito é normal, mais correto ou melhor. Fixar

uma determinada identidade como a norma

é uma das formas privilegiadas de

hierarquização das identidades e das

diferenças. Normalizar significa eleger -

[65] arbitrariamente - uma identidade específica

como o parâmetro em relação ao qual as

outras identidades são avaliadas e

hierarquizadas. Normalizar significa atribuir a

essa identidade todas as características

[70] positivas possíveis, em relação às quais as

outras identidades só podem ser avaliadas

de forma negativa.

  O processo de produção das identidades e

das diferenças envolve muitos conflitos. Esse

[75] processo não é ingênuo, mas sim permeado

por relações de poder.

Ficha técnica do texto “Comunicação e alteridade”: Associação Imagem Comunitária Concepção: Beatriz Bretas, Samuel Andrade e Victor Guimarães Redação: Victor Guimarães 

 

Observe o trecho transcrito: “Elas [as identidades coletivas] não são ‘essências’, mas sim construídas histórica e socialmente:” (linhas 45- 47). Verifica-se, nesse trecho, quebra de paralelismo sintático. Assinale a opção em que o paralelismo foi recuperado e o enunciado permanece com o mesmo sentido do texto.

a

Elas não são tidas como “essências”, por isso são construídas histórica e socialmente. 

b

Elas não são “essências”, mas sim construtos históricos e sociais.

c

Elas não são como “essências”, mas foram construídas histórica e socialmente. 

d

Embora construídas histórica e socialmente, elas não são “essências”.

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