Texto 1
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar sozinho, à noite
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá
Dias, Gonçalves. “Canção do exílio”. Disponível em: http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/ goncalves-dias-cancao-do-exilio/. Acesso em: 19 set. de 2019.
Texto 3
Canto de regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo
ANDRADE, Oswald de. “Canto de regresso à pátria”. In: Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1972, p. 82.
Levando em consideração a análise do texto 1, de Gonçalves Dias, e o texto 3, de Oswald de Andrade, leia as afirmativas seguintes e assinale a resposta correta.
A) O texto 1 é uma representação do ufanismo na poesia, e o texto 3, uma criação da identidade nacional idealizada.
O texto 1 e o texto 3 não podem ser comparados, pois retratam temas diferentes.
C) Oswald de Andrade, ao escrever “canto de regresso à pátria” (texto 3), em nenhum momento se reportou ao poema de Gonçalves Dias (texto 1).
O poema “canto de regresso à pátria” (texto 3) é uma paródia do poema de “canção do exílio” (texto 1), pois desconstrói o ufanismo de Gonçalves Dias por meio de uma linguagem coloquial e representativa do cotidiano.
Do ponto de vista histórico, ideológico e temático, nada pode ser comparado entre os dois textos (1 e 3).