IFPE Superior 2012

Texto 1 – A presidente Dilma ou a presidenta Dilma?

Laércio Lutibergue

 

Essa é a pergunta que mais temos recebido nos últimos dias por e-mail, pelas redes sociais (Twitter e Facebook) e mesmo pessoalmente. Há uma explicação para isso(I): a eleição da primeira mulher à Presidência da República, Dilma Rousseff.

 

Já falamos deste assunto aqui(II), mas diante do acontecimento do domingo 31 de outubro e da avalanche de perguntas somos obrigados a retomá-lo. Gramaticalmente as duas formas estão corretas. Ou seja, pode ser “a presidente Dilma” e “a presidenta Dilma”. Neste momento, com base nas ocorrências na imprensa, inclusive no Jornal do Commercio, sem dúvida “a presidente” é a mais comum.

 

E, se olharmos para o passado da língua, é a mais lógica. Palavras que vieram do particípio presente do latim, normalmente terminadas em -ante, -ente e -inte, são invariáveis. O que identifica o gênero delas é o artigo ou outro determinante: o/a amante, o/a gerente, meu/minha presidente.

 

A língua, contudo, nem sempre é lógica. Muitas vezes ela foge do controle e revela uma face inventiva indiferente às regras. Isso ocorreu, por exemplo, com “comediante”, que ganhou o feminino “comedianta”; com “infante”, que ganhou “infanta”; com “parente”, que ganhou “parenta”; e com “presidente”, que ganhou “presidenta”. Certamente o extralinguístico atuou na formação desses femininos. A versão feminina de um nome de cargo destaca com mais força a presença da mulher na sociedade.

 

Os mais velhos devem se lembrar do que ocorreu com a indiana Indira Gandhi. Começaram chamando-a de “o primeiro-ministro Indira Gandhi”; depois, passaram para “a primeiro-ministro”; e terminaram em “a primeira-ministra”. E hoje alguém tem dúvida de que uma mulher é “primeira-ministra”?

 

A favor de “presidenta” existe também o aspecto legal. A Lei Federal nº 2.749/56 diz que o emprego oficial de nome designativo de cargo público deve, quanto ao gênero, se ajustar ao sexo do funcionário. Ou seja, segundo a lei, os cargos, “se forem genericamente variáveis”, devem assumir “feição masculina ou feminina”.

 

Por tudo isso(III), defendemos a adoção do feminino “a presidenta”. Apesar de neste momento a maioria, pelo que mostra a imprensa, preferir “a presidente”. Intuímos, porém, que ocorrerá no Brasil o mesmo(IV) que sucedeu com dois vizinhos nossos. Na Argentina, Cristina Kirchner começou sendo chamada de “la presidente” e hoje é “la presidenta”. O mesmo ocorreu com Michelle Bachelet, no Chile, que(V) terminou o mandato como “la presidenta”. O tempo dirá se nossa intuição estava certa.

 

(Texto publicado na coluna "Com todas as letras", Jornal do Commercio do Recife, em 10/11/2010)

Quanto aos tipos de argumentos utilizados pelo autor, analise as proposições abaixo.

 

I. O argumento de exemplificação em todo o texto corrobora com a defesa do termo “presidenta”.

II. O dispositivo legal e a gramática constituem, nesse contexto, argumentos de autoridade.

III. A indicação de que outros países usam a forma “presidenta” é um argumento do senso comum.

IV. O principal argumento por causa que explica o uso de “presidenta” é o fator extralinguístico.

V. A referência ao fato de a imprensa não usar o termo “presidenta” é um argumento por prova concreta.

 

Estão corretas, apenas:

a

I, II e V

b

I, III e IV

c

II e III

d

II, IV e V

e

I e IV

Ver resposta
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Resposta
D

Resolução

O autor do texto utiliza vários tipos de argumentos para defender o uso do termo 'presidenta'. Ele usa exemplos de outros países (Argentina e Chile) onde o termo 'presidenta' é usado (exemplificação), cita uma lei federal que determina que o nome de um cargo público deve se ajustar ao sexo do funcionário (argumento de autoridade), e menciona o fator extralinguístico, que é a influência do contexto social e cultural na formação de palavras (argumento por causa). Ele também faz referência ao fato de que a imprensa prefere usar o termo 'presidente' (prova concreta). Portanto, as opções II, IV e V estão corretas.

Dicas

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1. Identifique os diferentes tipos de argumentos usados pelo autor no texto.
2. Lembre-se de que um argumento de autoridade é quando o autor cita uma fonte confiável ou uma lei para apoiar seu ponto de vista.
3. Um argumento por causa é quando o autor explica um fenômeno com base em suas causas.

Erros Comuns

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1. Confundir os diferentes tipos de argumentos.
2. Não ler o texto com atenção suficiente para entender os argumentos do autor.
Revisão
O conceito principal envolvido nesta questão é o de argumentação. A argumentação é uma habilidade essencial na língua portuguesa, pois é através dela que defendemos nossas ideias e pontos de vista. Existem vários tipos de argumentos que podem ser usados, como a exemplificação, o argumento de autoridade, o argumento do senso comum, o argumento por causa e a prova concreta.
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