UNIFENAS tarde 2015/1
Texto 1
A MARIA DOS POVOS, SUA FUTURA ESPOSA
Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora,
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca o Sol, e o dia.
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo passa a toda a ligeireza,
E imprime em cada flor sua pisada.
Oh não aguardes que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
(MATOS, Gregório de – in: Poemas Escolhidos. São Paulo Editora Cultrix, 1997, pág. 319.)
Texto 2
MARIETA
Como o gênio da noite, que desata
O véu de renda sobre a espádua nua,
Ela solta os cabelos...Bate a lua
Nas alvas dobras de um lençol de prata.
O seio virginal, que a mão recata,
Embalde o prende a mão...cresce...flutua...
Sonha a moça ao relento...Além na rua
Preludia um violão na serenata!...
...Furtivos passos morrem no lajedo...
Resvala a escada do balcão discreta,
Matam lábios os beijos em segredo...
Afoga-me os suspiros, Marieta!
Ó surpresa! ó palor! ó pranto! ó medo!
Ai! noites de Romeu e Julieta...
(ALVES, Castro. in: Poesia.4ª ed. Rio de Janeiro, Agir,1972.página 59)
Texto 3
LETRA PARA UMA VALSA ROMÂNTICA
A tarde agoniza
Ao santo acalanto
Da noturna brisa,
E eu, que também morro,
Morro sem consolo,
Se não vens, Elisa!
Ai nem te humaniza
O prato que tanto
Nas faces desliza
Do amante que pede
Suplicantemente
Teu amor, Elisa!
Ri, desdenha, pisa!
Meu canto, no entanto,
Mais de diviniza,
Mulher diferente,
Tão indiferente,
Desumana Elisa!
(BANDEIRA, Manuel - in: Poesia completa e prosa. 2ª ed. Rio de Janeiro, José Aguilar, 1967, página 326)
Avalie as afirmações seguintes sobre os textos em estudo.
I - Nos textos 2 e 3, ao contrário do se verifica no texto 1, o excessivo processo de idealização da mulher coloca-a num plano de inacessibilidade.
II - No texto 1, o eu lírico dirige-se à mulher com dupla finalidade: exaltar a sua beleza e, ao mesmo tempo, exortá-la ao gozo da mocidade, visto que o tempo é transitório e destruirá toda a sua formosura.
III - Nota-se, nos tercetos do texto 1, a presença do carpe diem: o eu-lírico exorta a mulher para a felicidade amorosa, antes que sua beleza seja consumida pelo tempo e pela morte.
IV - O sensorialismo (apelos aos sentidos) é bastante visível nos quartetos do texto 1: na primeira estrofe, o movimento da luz (aurora, sol, dia) se espelha nas faces, olhos e boca belos da mulher; na segunda, o ar figurado metaforicamente como o deus Adônis, enamora-se dela.
V - No texto 2, embora a expressões exclamativas ressaltem a exacerbação sentimental do eu-lírico, este adota uma posição externa ao quadro descrito por ele, não figurando como “personagem” da cena, limitando-se, pois à posição de mero observador.
todas corretas, sem exceção.
todas corretas, com única exceção
todas corretas, exceto IV e V.
todas corretas, exceto II e III.
todas corretas, exceto I e V.
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