UPE 2020

Texto 1

(1) Juventude, cidadania e participação: que papo é esse? Pode ser um papo furado, que não leve a nada. Pode ser que não renda, que seja insuficiente em termos de contribuição à democracia, de questionar padrões da cultura brasileira. Por outro lado, este papo pode render muito. Pode render, sim, com muitos desafios. Não é nada automático, nada mágico. Pode ser um importante elemento construtor de democracia, de uma sociedade mais justa de direitos.

(2) Acho que essa pergunta “que papo é esse?” poderia ser substituída por “que onda é essa?”, “que moda é essa?”. Por que está na moda falar em políticas públicas para a juventude? Por que se inventou agora que a juventude é depositária de todas as possibilidades? Por que agora a juventude aparece? Infelizmente, não é por uma coisa boa. Poderia ser por reconhecimento. Mas não é. A questão da juventude vem para a cena pública quando ela passa a ser o segmento mais vulnerável frente às mudanças sociais que acontecem no mundo de hoje.

(3) Quando a gente soma, em especial no Brasil, uma história de desigualdades sociais e de exclusão com uma realidade mundial de mudanças de relações de produção e de exclusão de grupos sociais, a juventude torna-se o segmento mais atingido. É por isso que a juventude aparece, atualmente, como um ator social, enfrentando diversos desafios da sociedade contemporânea. A grande questão é que o jovem dos dias atuais tem medo de sobrar. A sua inserção produtiva não está garantida.

(4) Há quem possa dizer que sempre foi assim. Sempre existiu o jovem pobre e o jovem rico, o jovem incluído e o excluído. Sim, isto é verdade. Mas acontece que tínhamos um sistema de produção que garantia uma reprodução: o filho do camponês continuaria o trabalho do pai, da mesma forma que o filho do operário. Era injusto porque o jovem não tinha possibilidade de ascender socialmente, mas havia a possibilidade de pensar o futuro a partir de um lugar social. Aqueles que estudavam, que passavam no funil, tinham a garantia de que poderiam exercer a sua profissão ao final dos estudos. Com a mudança do mundo do trabalho, cada vez mais restritivo e mutante, os jovens foram e são atingidos. Todos os jovens passaram a ter medo do futuro. Neste cenário, temos que ver todas as diferentes juventudes e suas questões sociais e raciais, suas questões de gênero e opções/orientações sexuais. Os mais vulneráveis têm mais medo de sobrar e são os mais atingidos. Estamos diante de uma geração que é atingida na possibilidade de pensar o futuro a partir de mudanças estruturais da sociedade. [...]

(5) As políticas públicas têm que somar estas duas coisas: os direitos universais (o acesso à educação, ao trabalho etc.) e os específicos. As políticas públicas têm que pensar então numa nova interface entre escolaridade e preparação para o mundo do trabalho. O Estado tem que ter o compromisso de fazer as suas políticas macro, mas tem que fazer isto com a sociedade civil, para que cada um participe, transformando a política de juventude numa política de Estado, não de Governo. Queremos colocar duas palavras na roda: direitos e oportunidades.

(6) Mas para que isso aconteça e para que este papo seja produtivo e dê resultado positivo, dependemos muito da ação de levar para a sociedade a perspectiva geracional. Uma questão complicada. A questão da juventude é uma questão marcada por uma faixa etária específica. Portanto, ela não pode ser pensada sem levar em conta a relação intergeracional. Os jovens e os adultos se colocam em todos os espaços sociais. É preciso que os jovens consigam aprender com os adultos valores da cidadania que são trazidos pela história social do país. Os jovens não podem achar que estão começando do zero. É preciso promover um diálogo intergeracional, um diálogo que traz valores. Os jovens têm que escutar os adultos e vice-versa, o que provocará um aprendizado mútuo. Só sabe o que é ser jovem hoje quem é jovem. Os adultos de hoje foram jovens em outro tempo histórico.

(7) É necessário, também, que haja um diálogo intrageracional. Esse é o maior desafio, porque as tribos existem, os grupos são heterogêneos e têm objetivos diferentes. Precisamos encontrar o que une esta geração e a partir daí desenvolver políticas públicas. Claro que as diferenças continuarão existindo.

(8) Os jovens estarão no mesmo jogo dos adultos (que às vezes não é um jogo muito bom) se eles se fragmentarem completamente, não perceberem o que há de comum entre eles a partir dos desafios e dos direitos de sua geração. Estabelecer os diálogos é difícil. Não é fácil porque muitas vezes os jovens reproduzem os preconceitos e os ‘faccionalismos’ dos adultos. Esta geração tem uma chance de inovar na cultura política, inovar a partir de seus interesses e de uma forma que faça até mesmo que os adultos aprendam.

Regina Novaes. Disponível em: http://revistapontocom.org.br/edicoes-anteriores-artigos/juventude-participacao-e-cidadania-que-papo-e-esse. Acesso em: 16/08/2019. Adaptado.

Considerando que nossos textos (falados e escritos) seguem uma norma e que temos muitas e diferentes maneiras de falar e escrever, acerca do Texto 1, é CORRETO afirmar que
a
há, nele, marcas evidentes de que sua autora pretendeu afastar-se da norma brasileira considerada culta e de que, ao optar por um nível linguístico extremamente informal, desvia-se propositadamente das normas gramaticais tradicionalmente reconhecidas como corretas.
b
ele está organizado em consonância com a norma culta da língua e percebe-se, principalmente nos dois parágrafos introdutórios, que a autora opta por empregar itens lexicais, como “papo”, “papo furado” e “onda”, que aproximam a sua linguagem da do seu público-alvo.
c
encontram-se, nele, diversos termos e expressões técnicas (‘intrageracional’; ‘faccionalismos’), os quais demonstram que sua autora pretendeu dialogar com um público muito especializado e, por isso, optou pelo rebuscamento da linguagem e pelo alto nível de formalidade do texto.
d
com o propósito de alcançar seu público-alvo, majoritariamente jovem, sua autora opta pela informalidade na linguagem, a qual se revela por escolhas lexicais muito populares, por uma organização sintática muito simplificada e pela superficialidade da argumentação.
e
seu nível de linguagem e as ideias apresentadas são reveladores dos preconceitos da autora em relação a questões de gênero, como no trecho: “Neste cenário, temos que ver todas as diferentes juventudes e suas questões sociais e raciais, suas questões de gênero e opções/orientações sexuais. ” (4°§)
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B
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