“Surgiram assim as grandes cidades (burgos), tornadas centros de produção artesanal e entrepostos comerciais; as feiras internacionais de comércio, em que a participação era intensa e os negócios vultosos; as primeiras casas bancárias, voltadas para a atividade cambial e para empréstimos a juros, e a Europa ocidental passou a ser cortada por caravanas de mercadores em todas as direções. (...) Por volta do século XIV, entretanto, todo esse processo entrou em colapso.” SEVCENKO. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1994.
Sobre o papel da vida urbana no processo de transformação da estrutura medieval e a formação das sociedades modernas, é correto afirmar:
Depois de ter sido totalmente extinta a partir das invasões bárbaras ao Império Romano do Ocidente, a vida urbana volta a aparecer, adquirindo um perfil que muito favorecia o desenvolvimento das atividades ligadas ao comércio. Sua política, entretanto, foi encaminhada para uma organização de poder local que não permitiu a organização de Estados Nacionais, pois continuavam submetidas ao domínio de senhores feudais.
As cidades desenvolveram condições propícias para o surgimento de epidemias. As aglomerações desordenadas, a ausência de qualquer sistema de esgotos, a inobservância de quaisquer hábitos de higiene, decorrentes de um crescimento tumultuado e rápido, foram elementos que explicaram o surgimento da chamada “peste negra”, um dos fatores do colapso do feudalismo.
Com uma origem ligada aos antigos mosteiros da Igreja Católica, as cidades que surgiam eram resultantes de um rígido planejamento, o que lhes configurou ruas bem distribuídas com um meticuloso e disciplinado estudo dos espaços, além de um eficiente sistema de saneamento básico, o que facilitou a erradicação de doenças. Por outro lado, essas cidades disciplinarizadas permitiram a ampliação do poder e controle em favor dos senhores feudais, preocupados com o êxodo rural.
A vida cotidiana nas cidades do período da chamada baixa idade média foi profundamente marcada pelos sindicatos que ficaram conhecidos como internacionais operárias. Essas associações procuravam defender os seus associados das grandes empresas que, organizadas em verdadeiros conglomerados econômicos como trustes e cartéis, impunham aos proletários longas jornadas de trabalho e baixos salários.
A vida cotidiana nos novos centros urbanos surgidos na chamada baixa idade média produziu profundas influências na transição do feudalismo para o capitalismo, notadamente por viabilizar o fortalecimento da relação servil de produção, a estagnação comercial, a marcação do tempo de acordo com as estações do ano e, principalmente, a perpetuação da unificação da cristandade, expressada na Igreja Católica.