Soneto
Meu Deus, que estais pendente em um madeiro,
Em cuja lei protesto viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme, e inteiro.
Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
E, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai manso Cordeiro.
Mui grande é vosso amor, e meu delito,
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.
Esta razão me obriga a confiar,
Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vossoamor de me salvar.
Adaptado de: GUERRA, Gregório de Matos. Soneto. In: Poemas satíricos. Gregório de Matos. São Paulo: Martin Claret, 2003, p. 96.
O Barroco surge na Europa, expressando uma tentativa de conciliação do conflito entre teocentrismo e antropocentrismo.
Neste poema Soneto, de Gregório de Matos Guerra, o “Boca do inferno”, um dos principais expoentes do Barroco brasileiro, a ideia da referida tentativa de conciliação é uma confissão que culmina no
primeiro verso da primeira estrofe.
segundo verso da primeira estrofe.
primeiro verso da segunda estrofe.
segundo verso da terceira estrofe.
primeiro verso da quarta estrofe.