Soneto
Gregório de Matos
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
A propósito do poema, seguem as afirmativas:
I. O eu-lírico constata que beleza e alegria são findáveis.
II. O eu-lírico revela intensa angústia flagrada nas perguntas do segundo quarteto.
III. Segundo o eu-lírico, o único aspecto firme na vida é sua inconstância.
IV. No último verso, ocorre uma antítese, figura predominante do estilo barroco.
Está correto apenas o que se afirma em:
I, II e III
I e II
III e IV
II e III
I, II e IV