Soneto do amor total
Amo-te, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
(MORAES, Vinícius de. Soneto de amor total. In: Antologia Poética. 4.ed. Rio de Janeiro: Ed.do Autor. 1963, p.258.)
O texto de Vinícius de Moraes pertence ao gênero lírico. Sobre o poema NÃO é correto afirmar:
A preocupação do eu lírico não é contar qualquer acontecimento do mundo exterior ou descrever esse mundo.
Não há enredo, descrição ou personagem.
O eu lírico está centrado na sua realidade interior e o seu objetivo é mostrar-nos essa realidade.
Não há referência a tempo porque tudo se resume à confissão do eu lírico naquele momento.
O poema apresenta uma história de amor.