Soneto de Carnaval
[01] Distante o meu amor, se me afigura
[02] O amor como um patético tormento
[03] Pensar nele é morrer de desventura
[04] Não pensar é matar meu pensamento.
[05] Seu mais doce desejo se amargura
[06] Todo o instante perdido é um sofrimento
[07] Cada beijo lembrado uma tortura
[08] Um ciúme do próprio ciumento.
[09] E vivemos partindo, ela de mim
[10] E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
[11] Para a grande partida que há no fim
[12] De toda a vida e todo o amor humanos:
[13] Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo
[14] Que se um fica o outro parte a redimi-lo.
Vinícius de Moraes
Sobre o segundo momento da poesia modernista brasileira, a qual didaticamente a crítica vincula Vinícius de Moraes, pode-se afirmar que é:
um período de valorização das estruturas poéticas que validam um nacionalismo ufanista.
formada por uma poética que canta o amor ao perigo, o hábito à energia e à temeridade.
organizada em função da objetividade temática, da impassibilidade e do racionalismo formal.
constituída por uma estética calcada no cientificismo, no racionalismo e nas manifestações metafísicas.
um período de alargamento das conquistas dos modernistas da geração de 1922.