Soneto de Carnaval
[01] Distante o meu amor, se me afigura
[02] O amor como um patético tormento
[03] Pensar nele é morrer de desventura
[04] Não pensar é matar meu pensamento.
[05] Seu mais doce desejo se amargura
[06] Todo o instante perdido é um sofrimento
[07] Cada beijo lembrado uma tortura
[08] Um ciúme do próprio ciumento.
[09] E vivemos partindo, ela de mim
[10] E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
[11] Para a grande partida que há no fim
[12] De toda a vida e todo o amor humanos:
[13] Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo
[14] Que se um fica o outro parte a redimi-lo.
Vinícius de Moraes
A partir de “Soneto de Carnaval”, é correto afirmar que:
revela um amor platonizante e transcendente, adotando um tom herdado da poesia palaciana, como em “E vivemos partindo, ela de mim/E eu dela”. (versos 09 e 10)
conjuga a linguagem coloquial, alegórica e declamatória ao estilo livre e caudaloso da poética de Vinícius de Moraes.
segue o molde da estética camoniana, valorizando a sonoridade e explorando as rimas em detrimento da temática central, como em “Distante o meu amor, se me afigura” (verso 01)
apresenta um amor cotidiano, realista, sujeito às mudanças que são impostas pelo tempo.
canta o amor em seu desespero e paixão, como em “Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo/Que se um fica o outro parte a redimi-lo.”(versos 13 e 14)