"Somos uma fronteira. No século XVIII, quando soldados de Portugal e Espanha disputavam a posse definitiva deste então ‘imenso deserto’, tivemos de fazer a nossa opção: ficar com os portugueses ou com os castelhanos. Pagamos um pesado tributo de sofrimento e sangue para continuar deste lado da fronteira meridional do Brasil. Como pode você acusar-nos de espanholismo? Fomos desde os tempos coloniais até o fim do século um território cronicamente conflagrado. Em setenta e sete anos tivemos doze conflitos armados, contadas as revoluções. Vivíamos permanentemente em pé de guerra. Nossas mulheres raramente despiam o luto".
Fonte: VERÍSSIMO, Érico. Rio Grande do Sul: Terra e Povo. Porto Alegre: Globo, 1969, p. 03.
Érico Veríssimo é uma das maiores expressões da literatura regionalista brasileira. A citação acima descreve com especificidade o Rio Grande do Sul, mas tal retrato pode ser extrapolado também para regiões onde o gaúcho marcou sua presença colonizadora, principalmente no século XX.
Com base no enunciado acima e nos seus conhecimentos prévios sobre a região Sul, marque a alternativa CORRETA.
As regiões oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná foram palco do movimento colonizador do gaúcho, ocupando regiões até então subexploradas e marcadas pela baixa densidade demográfica. Tais regiões ficaram caracterizadas culturalmente pela herança rio-grandense, tais como o CTG, a culinária e o imaginário da fronteira, tal qual mencionado por Veríssimo.
Por muito tempo, devido ao seu extenso espaço geográfico, sendo a segunda maior região do país em superfície, teve baixíssima densidade populacional. Tal aspecto produziu problemas com os países vizinhos, que reivindicavam partes dos territórios fronteiriços.
A região Sul faz fronteira com vários países sul-americanos, tais como Argentina, Uruguai, Chile e Peru.
O “somos uma fronteira” do autor diz respeito à ambígua relação que as populações da região sul desenvolveram com o vizinho castelhano.
A presença de imigrantes europeus nas populações dos estados da região Sul é quase insignificante, sendo a figura do castelhano muito mais marcante culturalmente.