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Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto nos portais, um homem que veio vestir o
cadáver, outro que tomou a medida do caixão, caixão, essa, tocheiros, convites,
[3] convidados que entravam. Lentamente, a passo surdo, e apertavam a mão à família, alguns
tristes, todos sérios e calados, padre e sacristão, rezas, aspersões d'água benta, o fechar
[6] a custo pela escada, não obstante os gritos, soluços e novas lágrimas da família, e vão até
o coche fúnebre, e o colocam em cima e traspassam e apertam as correias, o rodar do
coche, o rodar dos carros, um a um...
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ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. In: COUTINHO, Afrânio (Org.). Obra completa. v. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. p. 562.
No texto,
o termo “o” nas expressões “o tomam da essa, e o levantam, e o descem” (linha 5), retoma a palavra “cadáver” (linha 2).
a ausência de conjunção, marcadamente no primeiro período, não compromete o seu conteúdo semântico.
os verbos empregados no texto sugerem que a cena descrita caracteriza-se pela ausência de ações por parte dos envolvidos no evento do velório.
o uso da linguagem informal por parte do autor é adequado à cena apresentada, pois ressalta a solenidade característica do ritual fúnebre.