Sobre São Paulo S/A, de Luís Sérgio Person, é corretor afirmar:
O dilaceramento existencial de Carlos, o protagonista do filme, representa o desespero dos intelectuais brasileiros às vésperas do AI-5, prenunciando um novo tempo de violência e arbítrio que se concretizaria a partir de 1968.
O drama de Carlos tem como palco e motor principal a cidade de São Paulo. A articulação dos dramas interior e exterior, vividos não somente pelo personagem, mas também pelo país, é construída de forma a tornar o filme um amargo retrato da classe média brasileira.
O filme se constrói como um discurso interior do personagem principal, explorando as narrações em off de Carlos como um substrato lírico e subjetivo que se emancipa da realidade social e política.
No filme, a euforia desenvolvimentista dos anos 1950 funde-se à tragédia política de Carlos, o protagonista, que escolhe o caminho da luta armada para tentar entender um pouco melhor seu país após o golpe militar de 1964.
O filme está fundamentado na distância cínica que a câmera estabelece com os personagens, interessada que está em registrar a violência e a agilidade das tragédias físicas, marca principal do cinema novo.