Sobre o trecho do poema A Máquina do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1961.
A MÁQUINA DO MUNDO
Carlos Drummond de Andrade
E como eu palmilhasse vagamente uma estrada de Minas, pedregosa, e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos que era pausado e seco; e aves pairassem no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo na escuridão maior, vinda dos montes e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu para quem de a romper já se esquivava e só de o ter pensado se carpia.
[...]
Disponível em: http://conhecimentoliteratura.com.br/a-maquina-do-mundo/. Acesso em: 29 ago. 2018.
Sobre o poema, é correto afirmar que
pertence à coletânea Claro Enigma que coincide com o momento em que o poeta deixa as questões filosóficas, temas de suas obras anteriores, e se volta para questões sociais e políticas.
o conceito de “máquina do mundo”, explorado no poema, tem origem no Modernismo e está relacionado ao desenvolvimento tecnológico experimentado pelo Brasil no início do século XX.
esse poema de Drummond é exemplar por estabelecer relações intertextuais com textos clássicos como Os Lusíadas ou a Divina Comédia.
pertence ao período de produção da juventude do poeta e apresenta ideias retomadas mais tarde em poemas como “No meio do caminho”.
A sua estrutura em estrofes de três versos é uma inovação de Drummond, da mesma forma que o verso branco e as rimas internas.