Sobre o texto, afirma-se com correção:
O príncipe
Nicolau Maquiavel
[1] Àqueles que chegam desavisados ao texto límpido e
elegante de Nicolau Maquiavel pode parecer que o autor
escreveu, na Florença do século XVI, um manual abstrato
para a conduta de um mandatário. Entretanto, esta obra
[5] clássica da filosofia moderna, fundadora da ciência política,
é fruto da época em que foi concebida. Em 1513, depois da
dissolução do governo republicano de Florença e do retorno
da família Médici ao poder, Maquiavel é preso, acusado de
conspiração. Perdoado pelo papa Leão X, ele se exila e
[10] passa a escrever suas grandes obras. O príncipe, publicado
postumamente, em 1532, é uma esplêndida meditação
sobre a conduta do governante e sobre o funcionamento do
Estado, produzida num momento da história ocidental em
que o direito ao poder já não depende apenas da hereditariedade
[15] e dos laços de sangue. Mais que um tratado
sobre as condições concretas do jogo político, O príncipe é
um estudo sobre as oportunidades oferecidas pela fortuna,
sobre as virtudes e os vícios intrínsecos ao comportamento
dos governantes, com sugestões sobre moralidade, ética e
[20] organização urbana que, apesar da inspiração histórica,
permanecem espantosamente atuais.
(Encarte divulgando publicação de obras clássicas por Penguin − Companhia, 2010)
apresenta a obra O príncipe e adverte, de modo claro e sem juízos de valor, quanto a possíveis equívocos de leitura de um público atual.
busca atrair cientistas políticos para a leitura de O príncipe, mesmo entendendo que esse clássico lhes interessa exclusivamente do ponto de vista histórico, por estar muito preso à época de sua concepção.
cita o contexto de produção de O príncipe para elucidar traços característicos dessa obra de Maquiavel, reafirmando sua condição de fundadora da ciência política.
admite o caráter genérico e obsoleto de O príncipe, mas recomenda sua leitura como manual para a conduta de um mandatário, centrado que está na ética e na moralidade.
atribui ao momento histórico em que o direito ao poder já não depende apenas da hereditariedade e dos laços de sangue o fato de uma obra denominada O príncipe ser considerada conspiratória.