FACISA 2015/1

O termo famigerado pode ser empregado no sentido elogioso ou pejorativo, inclusive para caracterizar alguém fora de lei e de má índole. Ao suprimir um dos sentidos da palavra, o homem que possuía "o legítimo – o livro que aprende as palavras..." se torna indiretamente responsável pelo crime que Damázio comete.

O conto mostra o confronto entre três tipos de poder: o da Igreja (representado pelo padre), o do Estado (indiciado através do funcionário do governo), o da cultura letrada (simbolizado pelo homem que recepciona o forasteiro) e o dos jagunços (representado por Damázio). No conto, o poder do estado se coloca acima de todos os demais.

Subvertendo parte da estrutura tradicional do conto, Guimarães Rosa engana o leitor ao dar pistas sobre a perspectiva de um acontecimento trágico envolvendo o protagonista, mas o anticlímax acaba por surpreender o leitor afeito ao conto tradicional.

O narrador afirma que o jagunço partiu de volta para casa sem pensar "no que o trouxera, tese para alto rir, e mais, o famoso assunto". A ironia marcante neste desfecho do conto revela a famigerada rejeição que Guimarães Rosa sempre demonstrou pela norma culta da língua.

No contexto geográfico e histórico dos acontecimentos do enredo, o poder de interferir no destino das pessoas exercido pelos que detinham conhecimento da língua padrão era sempre inferior ao dos coronéis, jagunços e cangaceiros.