Sobre Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, é correto afirmar que:
A obra cativa pelo lirismo, ao mesmo tempo em que intriga pela estrutura caprichosamente montada, dando ensejo a uma abordagem doutrinal que incorpora, ao lado dos elementos poéticos, comédia, drama de costumes e bucolismo.
A transposição de um plano a outro – do político ao litúrgico – é perfeitamente adequada à peça, e toda a discussão acerca da figura do Anjo aponta, então, para seu caráter religioso, seu papel de representante de Deus na Terra.
O tema do juízo final é exposto já no monólogo inicial da peça, definindo com clareza a aversão à morte – em tom de comédia ligeira – por parte de todos os personagens, à exceção do Judeu.
Como em toda alegoria, o tema tratado em tom solene – a vida em sua dimensão profana e religiosa – logo é reinterpretado no estilo das comédias de costumes, à luz das experiências mais prosaicas.
A qualidade essencial da arte vicentina – o lirismo – falta completamente nessa obra. A peça vale pela palpitante atualidade com que o autor passou em revista a sociedade de seu tempo, espectadora da própria representação, e advertida dos pecados que a privam da salvação eterna.
O Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente é uma obra alegórica que retrata a crítica social e moral da época. A peça expõe vários tipos sociais que, após a morte, são julgados e encaminhados à barca do inferno ou do céu, de acordo com seus atos em vida. A obra é marcada não pelo lirismo, mas pela sátira e pela representação crítica de diversos estamentos sociais, o que justifica a escolha da alternativa E como correta.
Assumir que toda obra renascentista possui um forte elemento lírico.
Confundir o propósito da obra com uma transposição de planos que não está presente.
Interpretar o juízo final e a aversão à morte de forma simplista, ignorando a crítica social.
Acreditar que a obra mantém um tom solene do início ao fim.
Não reconhecer a crítica social como a qualidade essencial da arte vicentina.
As obras de Gil Vicente, especialmente o 'Auto da Barca do Inferno', são conhecidas por sua natureza alegórica e crítica. A alegoria é uma figura de linguagem onde se usa um elemento concreto para representar uma ideia abstrata, muitas vezes com intenção moral ou crítica. A crítica social é um elemento central na obra, que analisa e satiriza as condutas morais dos diferentes personagens tipificados da sociedade vicentina.