Sim, estou me associando à campanha nacional contra os
verbos que acabam em "ilizar". Se nada for feito, daqui a pouco
eles serão mais numerosos do que os terminados simplesmente
em "ar". Todos os dias os maus tradutores de livros de
[5] marketing e administração disponibilizam mais e mais termos
infelizes, que imediatamente são operacionalizados pela mídia,
reinicializando palavras que já existiam e eram perfeitamente
claras e eufônicas.
A doença está tão disseminada que muitos verbos honestos,
[10] com currículo de ótimos serviços prestados, estão a ponto de
cair em desgraça entre pessoas de ouvidos sensíveis. Depois que
você fica alérgico a disponibilizar, como você vai admitir,
digamos, "viabilizar"? É triste demorar tanto tempo para a
gente se dar conta de que "desincompatibilizar" sempre foi um
[15] palavrão.
FREIRE, Ricardo. Complicabilizando. Época, ago. 2003.
Com base no texto, é correto afirmar:
A “campanha nacional” a que se refere o autor tem por objetivo banir da língua portuguesa os verbos terminados em “ilizar”.
O autor considera o emprego de verbos como “reinicializando” (L. 7) e “viabilizar” (L. 13) uma verdadeira “doença”.
A maioria dos verbos terminados em “(i)lizar”, presentes no texto, foi incorporada à língua por influência estrangeira.
O autor, no final do primeiro parágrafo, acaba usando involuntariamente os verbos que ele condena.
Os prefixos “des” e “in”, que entram na formação do verbo “desincompatibilizar” (L. 14), têm sentido oposto, por isso o autor o considera um “palavrão”.