Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), na sua obra Raízes do Brasil, publicada no ano de 1936, aponta que o povo brasileiro tem como uma de suas características culturais a “cordialidade”. O “brasileiro cordial”, criado historicamente no seio do modelo da família patriarcal, seria guiado nas suas relações sociais por uma “ética emotiva” e personalista. Isto significa que, de modo geral, as pessoas no Brasil não seriam culturalmente direcionadas para o “cultivo do espírito”, da “razão”, mas sim do “coração”. E, assim, na crítica de Holanda (1995), a cordialidade aqui seria inadequada aos ritos sociais próprios da vida cidadã e da modernidade capitalista. Para este autor, o “brasileiro cordial” é menos adaptado para o trabalho racional seja no Estado seja nas empresas privadas modernas.
HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Considerando essa “cordialidade brasileira”, segundo Holanda, avalie as seguintes afirmações:
I. A personalidade do “homem cordial” proporciona habilidade para o trato impessoal com a coisa pública.
II. A emotividade do “homem cordial” o torna inapto para as atividades que demandam razão e impessoalidade.
III. A cordialidade é própria de qualquer forma de convívio social ditada pelas proximidades pessoais e afetivas.
IV. O “brasileiro cordial” cultiva, no seio da família tradicional patriarcal, o personalismo ritual da cidadania.
Está correto o que se afirma somente em
II e III.
I e IV.
III e IV.
I e II.