Sempre foi assim e sempre será, “que o mal suceda ao bem e o bem ao mal”. Assim como em todos os corpos têm um ciclo natural de nascimento, corrupção e morte. [...] não está na natureza das coisas do mundo o deter-se e quando chegam à máxima perfeição, não podendo mais se elevar, convém que precipitem e, de igual maneira, uma vez caídas e pelas desordens chegadas à máxima baixeza, necessariamente não podendo mais cair convém que se elevem: assim, sempre do bem se cai no mal e do mal eleva-se ao bem. Porque a virtude gera tranquilidade, a tranquilidade, ócio, o ócio, desordem, a desordem, ruína; e, igualmente, da ruína nasce a ordem, da ordem a virtude, e desta, a glória e a prosperidade.
(Maquiavel, 1998, p. 229.)
Nicolau Maquiavel (Niccolò di Bernardo dei Machiavelli) viveu durante o Renascimento Italiano. Os principais escritos em que expõe seu pensamento político — “O príncipe” e “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio” — são publicados postumamente e repercutem até hoje. Em suas obras, Maquiavel expressa pensamentos às vezes divergentes como:
Em “O príncipe”, seu pensamento político entende a política como um fim em si mesma. A avaliação das ações de um governante toma por base os fatos que se apresentam e não valorações de qualquer âmbito.
Em “O príncipe”, Maquiavel procura avaliar o quadro social na sua totalidade e oferecer uma visão global do sistema político; neste sentido, analisa a importância da legitimidade contratual dada ao governante pelo povo.
Em “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio”, sua fala é permeada pelo par conceitual fortuna e virtú, termos que são usados em um sentido relativo às condições econômicas e sociais, sem o sentido político por excelência.
Em “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio”, Nicolau Maquiavel afirma que as decisões são exclusivas do governante; por isso, suas reflexões são inerentes à dinâmica do poder: é preciso aparentar ser bondoso, mas saber usar de violência.