Texto para os itens de 1 a 20.
1Por que somos o único bicho com linguagem? Porque só a gente é capaz de se expressar como em tantos poemas
que conhecemos. Bem… em termos. Na verdade, poesia assim é para poucos, como Carlos Drummond de Andrade, mas
os seres humanos se destacam entre outras espécies consideradas inteligentes, como chimpanzés e golfinhos, porque,
4 entre outras coisas, são capazes de encaixar uma ideia na outra, formando frases quilométricas, sem fim. Esse
componente, presente apenas na linguagem da nossa espécie, é chamado de recursividade.
Anos de trabalho para ensinar outros animais (como os internacionalmente famosos papagaio Alex e bonobo
7 Kanzi) a se comunicarem com a linguagem humana serviram para provar que, por mais que possam avançar, há um limite,
bem distante do mínimo que um ser humano pode fazer.
Para o linguista americano Noam Chomsky, que estuda esse assunto há mais de seis décadas, o que nos torna
10 diferentes é que temos uma espécie de “órgão da linguagem” no cérebro, que talvez nem tenha surgido com esse fim, mas
com a finalidade de realizar cálculos combinatórios. Daí a ideia de que a recursividade seja o fato que torna a linguagem
humana única, como propõem Chomsky e seus colegas Marc Hauser e Tecumseh Fitch.
13No começo de 2008, durante a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, Hauser
comparou a comunicação humana com a dança das abelhas, considerada uma forma de linguagem. Após acharem comida,
esses animais voltam para a colmeia e informam onde está o alimento por meio dessa dancinha. “É uma linguagem
16 simbólica e separada da ação no tempo e no espaço. O problema é que as abelhas só conversam sobre comida”, afirma o
pesquisador da Universidade Harvard. Já a recursividade permite que nosso uso da linguagem seja praticamente
infinito — basta combinar unidades menores para formar frases nunca ouvidas antes. Esse potencial inesgotável é ideal
19 para comunicar todo tipo de informação e ideia, o que torna óbvia a vantagem trazida por essa capacidade aos seres
humanos.
Mas o que dizer das capacidades do papagaio cinza, africano, Alex, morto em 2007, aos 31 anos de idade? O
22 trabalho feito pela psicóloga Irene Pepperberg ao longo de toda a vida do animal mostrou que a ave era capaz de entender
alguns conceitos. Ele aprendeu a separar palavras por categorias e a contar pequenas quantidades e sabia até reconhecer
algumas cores e formas. E, apesar de haver relatos de que, às vezes, ele ajudava outros papagaios do laboratório a falarem
25 melhor e que, de vez em quando, ele se mostrava aborrecido com exercícios repetitivos, ele não mostrava sinais de lógica
ou capacidade de generalização tal como nós.
Para Hauser, estudos com outros animais “falantes”, por mais que mostrem que eles têm capacidade de reagir
28 emocionalmente e de discriminar algumas percepções, acabam por comprovar que “essas habilidades não interagem no
cérebro como a cognição humana”. Ao juntar tudo isso, criamos a linguagem.
Giovana Girardi. Por que somos o único bicho com linguagem? In: Revista Superinteressante. Internet: <super.abril.com.br> (com adaptações).
Em relação às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto, julgue os itens de 1 a 9.
Segundo o texto, animais considerados inteligentes, como o papagaio Alex, possuem um tipo de órgão da linguagem mais limitado que o associado à linguagem humana.
Certo
Errado