Segundo Antonio Candido, Álvares de Azevedo (1831-1852) pode ser definido como o “poeta da noite, do sono e do sonho” (Na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 1989. p. 46), daí a frequência com que a mulher amada é vista dormindo, como em:
“E o pálido mimo da minha paixão / Num longo soluço tremeu e parou, / Sentou-se na praia, sozinha no chão, / A mão regelada no colo pousou!”
“Quando falo contigo, no meu peito / Esquece-me esta dor que me consome: / Talvez corre o prazer nas fibras d’alma: / E eu ouso ainda murmurar teu nome!”
“A tua alma infantil junto da minha / No fervor do desejo, / Nossos lábios ardentes descorando / Comprimidos num beijo.”
“Sonharei... lá enquanto, no crepúsculo, / Como um globo de fogo o sol se abisma / E o céu lampeja no clarão medonho / De negro cataclisma.”
“Virgem do meu amor, o beijo a furto / Que pouso em tua face adormecida / Não te lembra do peito os meus amores / E a febre do sonhar de minha vida?”