Leia atentamente o texto a seguir para responder às questões de 1 a 10.
Mundo terá o dobro de idosos até 2050, diz ONU
O mundo está cada vez mais populoso. E também mais velho.
O número de pessoas com 65 anos ou mais no
planeta, hoje de 761 milhões, deve mais que dobrar até a
5 metade do século, chegando a 1,6 bilhão em 2050.
Os dados fazem parte de projeções da
Organização das Nações Unidas – que, além de
contabilizar 8 bilhões de pessoas no planeta, faz agora um
alerta sobre a urgência do envelhecimento populacional.
10 Ter uma fatia maior de idosos, por um lado, é
um bom indicador. O fato de que aqueles com mais de 65
são 9,6% do mundo de 8 bilhões e serão 16,5% dos 9,7
bilhões de 2050 reflete, entre outros fatores, sociedades
bem-sucedidas no aumento da expectativa de vida.
15 Se o envelhecimento, porém, não vier
acompanhado de políticas públicas consistentes –
pensadas desde a infância, não somente na velhice –, o
fenômeno será gatilho para sociedades mais desiguais e
empobrecidas, afirma a ONU em relatório lançado nesta
20 quinta-feira (12).
"Queremos deixar a mensagem de que
oportunidades iguais têm de ser oferecidas desde o
nascimento", diz a italiana Daniela Bas, diretora de
desenvolvimento social inclusivo da ONU. "Aqueles que
25 desde os estágios iniciais da vida têm acesso à saúde,
educação e nutrição adequadas têm uma velhice muito
mais saudável."
A análise dos dados traz ainda um alerta ao
Brasil. Hoje os idosos (20,5 milhões) somam 9,5% da
30 população brasileira. No meio do século, serão 22% do
total – acima, portanto, da média global –, caso se
confirmem as projeções da ONU.
O número não é tão expressivo quanto o
observado em outras regiões, mas não deixa de chamar a
35 atenção. Na Europa, por exemplo, onde a questão já é
sensível, idosos representam 20% da população já em
2023. Daqui a 20 anos, serão quase 30% do todo, o que
abre discussões que vão da aposentadoria à falta de mão
de obra.
40 No guarda-chuva de preocupações expressas
pelas Nações Unidas está o mercado de trabalho. Pessoas
mais velhas continuam a contribuir economicamente –
muitos permanecem em empregos remunerados, ou
ajudam na família, com assistência aos filhos.
45 Ainda assim, estereótipos, como o preconceito
etário, são empecilhos. Outro fenômeno, que cresce a
galope no caso do Brasil, também preocupa: a
informalidade. "A ampla propagação do emprego
informal e de outras formas precárias de trabalho
50 ameaçam o acesso à aposentadoria e a outros benefícios
de proteção social, colocando em risco a segurança
econômica de idosos", diz o relatório.
Shantanu Mukherjee, diretor de análise
econômica da ONU, afirma que muitas vezes falta
55 proatividade aos governos. "Políticas podem e devem ser
criadas antecipadamente, levando em conta que o
envelhecimento populacional é parte fundamental da
economia de um país."
Idosos têm maior probabilidade de viver em
60 domicílios com menor infraestrutura do que a população
em idade produtiva, uma realidade ainda mais comum em
países em desenvolvimento, nos quais sistemas de
proteção social estão menos estabelecidos, afirma o
relatório.
65 A situação é pior para as mulheres, que têm
níveis de pobreza na velhice mais elevados. Os motivos?
Níveis também menores de participação no mercado de
trabalho formal, carreiras mais curtas e salários mais
baixos em comparação com homens.
70 A ONU chama especial atenção para a
distribuição desigual do trabalho doméstico, o que
restringe a possibilidade de mulheres atuarem mais
ativamente no mercado de trabalho e, por consequência,
enxuga suas aposentadorias. Aponta ainda que elas a são
75 maioria das empregadas na economia de cuidado, tida
como área mal regulamentada, na qual trabalhadores
normalmente ganham salários baixos.
"Dadas as expectativas de vida mais longas das
mulheres, elas têm maior probabilidade do que os
80 homens de ficarem viúvas, são menos propensas a se
casar novamente e mais propensas a viver sozinhas – três
características que podem exacerbar a insegurança
econômica."
Além da seara econômica, o relatório destaca a
85 necessidade de aprimorar sistemas de saúde. Segundo a
ONU, muitas nações ainda se fiam à ideia de que idosos
moram com filhos ou netos, realidade que tem mudado.
"Modelos de cuidados que dependem exclusiva ou
principalmente das famílias são cada vez mais
90 inadequados."
E a pandemia de covid evidenciou as falhas no
atendimento a idosos. "Sistemas de cuidado
subfinanciados, condições precárias de trabalho das
equipes de saúde e políticas insuficientes de cuidados em
95 casa contribuíram para um alto número de mortes entre
idosos", diz a ONU.
O desafio do envelhecimento populacional
também atinge as regiões e continentes de diferentes
formas. A maioria terá cerca de um quinto de suas
100 populações com mais de 65 anos em 2050: América Latina
e Caribe (19%), Oceania (18,5%), América do Norte (24%)
e Ásia (19%). A exceção é a África: o continente mais
desafiado por altos índices de natalidade terá somente
5,7% de seus habitantes nessa faixa etária.
105 Cenários como o africano, então, poderiam até
ter facetas positivas, mas somente se houver ação estatal.
"Se formos espertos o bastante para criar políticas que
facilitem o caminho para os mais velhos, faremos com que
essas pessoas não sofram na velhice", diz Daniela Bas.
(Mayara Paixão.
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/01/populacao-idosa-no-
mundo-vai-dobrar-ate-metade-do-seculo-mostra-onu.shtml. 12.jan.2023)
Se o envelhecimento, porém, não vier acompanhado de políticas públicas consistentes – pensadas desde a infância, não somente na velhice –, o fenômeno será gatilho para sociedades mais desiguais e empobrecidas, afirma a ONU em relatório lançado nesta quinta-feira (12). (L.15-20)
O pronome sublinhado no período acima exerce papel
anafórico.
dêitico.
catafórico.
endofórico.