Se não existissem instituições sociais que conhecessem o uso da violência, [...] surgiria uma situação que poderíamos designar como “anarquia”, no sentido específico da palavra. [...] No passado, as instituições mais variadas – a partir do clã – conheceram o uso da força física como perfeitamente normal. Hoje, porém, temos de dizer que [há] uma comunidade humana que pretende, com êxito, o “monopólio do uso legítimo da força física” dentro de um determinado território. [...] Especificamente, no momento presente, o direito de usar a força física é atribuído a outras instituições ou pessoas apenas na medida em que [essa comunidade humana] o permite.
Fonte: WEBER, Max. Política como Vocação. Estudos de Sociologia, Guanabara, 1982, p. 98
O trecho acima é de um clássico das Ciências Sociais com inegável atualidade. Nele, aparece a definição de um conceito-chave para a compreensão da política, especialmente a partir da Era Moderna, o de Estado. De acordo com o texto, o que define o Estado é “o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território”. Em qual dos casos a seguir pode-se falar, com base nessa definição, em crise do Estado?
O poder legislativo rejeita uma proposta de aumento de impostos formulada pelo poder executivo.
Manifestações pacíficas exigindo o impeachment de um governante eleito legitimamente ocorrem em cidades de todo o país.
Grupos armados ligados ao tráfico de drogas disputam o controle de favelas.
Um candidato a deputado federal defende em cadeia nacional a pena de morte.
Um veículo atravessa um sinal vermelho e causa um acidente com mortes.