Saudade
És a filha dileta da noss’alma
Da noss’alma de sonho e de tristeza,
Andas de roxo sempre, sempre calma
Doce filha da gente portuguesa!
Em toda a terra do meu Portugal
Te sinto e vejo, toda suavidade
Como nas folhas tristes dum missal
Se sente Deus! E tu és Deus, saudade!…
Andas nos olhos negros, magoados
Das frescas raparigas. Namorados
Conhecem-te também, meu doce ralo!
Também te trago n’alma dentro em mim,
E trazendo-te sempre, sempre assim,
É bem a pátria qu’rida que eu embalo!
ESPANCA, Florbela. Poemas. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 80.
Nesse soneto, a voz poética explicita que a saudade é
comparável aos rituais religiosos.
inerente à identidade de seu país.
relativa às glórias passadas da nação portuguesa.
referente ao seu passado de desilusões amorosas.