SATÉLITE (Manuel Bandeira)
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite
Desmetaforizada,
Desmistificada,
Despojada do velho segredo da melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
Os astros dos loucos e dos namorados.
Mas tão-somente
Satélite.
Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária das atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si:
- Satélite.
BANDEIRA, Manuel. Disponível em: <http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/manuel-bandeira-poemas/#.VDNP55jkjd0>. Acesso em: 30 set. 2014.
A obra de Manuel Bandeira filiou-se ao Movimento Modernista Brasileiro de forma engajada e intensa. Relacionando o poema “Satélite” ao contexto em que ocorreu o Modernismo, analise as afirmativas a seguir.
I. Em “Satélite”, Bandeira objetiva ressaltar a intenção do poema, não se prendendo, portanto, a formas fixas em suas estrofes, versos e rimas.
II. Ao retirar da lua todas as conotações subjetivas, amplamente utilizadas pelos românticos e parnasianos, Bandeira reafirma a proposta modernista.
III. O autor, em conformidade com o Movimento Modernista, constrói o poema dando mais importância à forma, em prol de uma maior liberdade literária, para que suas emoções e sentimentalismos aflorem mais que suas ideias.
IV. Através de construções negativas, por meio do uso do prefixo “des-” (desmetaforizada, desmistificada, demissionária), Bandeira apresenta a lua de forma objetiva, retomando as características românticas comuns ao modernismo.
Estão corretas as proposições:
II e III
I e II
III e IV
I e IV
II e III