SAPO-CURURU
Sapo-cururu
Da beira do rio.
Oh que sapo gordo!
Oh que sapo feio!
Sapo-cururu
Da beira do rio.
Quando o sapo coaxa,
Povoléu tem frio.
Que sapo mais danado,
Ó maninha, Ó maninha!
Sapo-cururu é o bicho
Pra comer de sobreposse.
Sapo-cururu
Da barriga inchada.
Vôte! Brinca com ele...
Sapo cururu é senador da República.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. 20ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
No texto de Bandeira está explícito o procedimento de intertextualidade caracterizado pelo diálogo que um texto estabelece com outro, o que faz desse poema:
uma paródia da cantiga popular “sapo cururu”, em que elementos da canção são mantidos e outros acrescentados com o intuito de satirizar um senador da República.
uma paráfrase, pois, embora haja modificações, os sentidos do texto fonte são mantidos, o sapo cururu não é personificado.
um hino popular em que se observa que o termo “vôte” não é restrito ao falar cuiabano, pois o autor do texto era um nordestino que vivia em São Paulo e compôs esse poema nas primeiras décadas do século XX.
um plágio, pois o autor faz cópia de um texto já existente e isso não é aconselhável.
uma apropriação indevida de texto alheio, procedimento comum entre os escritores modernistas.