INSPER Manhã 2012/2

Quem nunca fotoxopou?

 

FALA-SE HOJE em Facebook, Google e iPhone com a mesma combinação de fascínio e terror que um dia já se falou de Motorola e Nokia. Tudo se move rápido demais no mundo digital, e são poucas as empresas que conseguem permanecer competitivas ao longo dos anos. Apesar de o Vale do Silício ter aquele ar hollywoodiano de terra de oportunidades, contam-se nos dedos empresas longevas como uma Adobe, uma Dell, uma Amazon.

Por ter grande mobilidade, a concentração de poder e influência no mundo digital surge tão rápido quanto desaparece, a ponto de ser cada vez mais difícil encontrar quem fique na liderança por uma mísera década. Na virada do século não havia Friendster, Myspace nem Orkut, o grande buscador era o Yahoo!, seguido pelo Lycos. E a internet móvel estava a cargo de empresas inovadoras como Palm e Kyocera.

O usuário de produtos digitais é cada vez mais volúvel e pragmático. Novos produtos e serviços podem até seduzi-lo com propaganda, design e preço. Mas a relação dificilmente será mantida se a marca não se renovar com a velocidade esperada, pouco importa sua fatia de mercado. Kodak e Sony que o digam. Mesmo que ainda sejam gigantescas, já não têm o apelo de outrora. A melhor lição de empresas bem-sucedidas em relacionamentos de longo prazo é a do bom e velho Photoshop, vendendo saúde em seus 22 anos de idade e 12 plásticas (oops, versões). Como o Google, ele é sinônimo de categoria e verbo. Mas também é adjetivo, substantivo, pejorativo e indicativo de retoques fotográficos, mencionado com familiaridade até por quem não faça ideia de como ele funciona. Ao contrário do AutoCAD, que é oito anos mais velho, mas desconhecido fora de seu nicho, o Photoshop é unanimidade.

(Folha de S. Paulo, 26/03/2012.)

Quanto às variações exploradas a partir do termo "Photoshop", é correto afirmar que

a

o neologismo do título foi formado pelo mesmo processo que o termo "design", presente no texto.

b

como adjetivo, o valor depreciativo do termo “fotoxopado” decorre exclusivamente do sufixo “-ado” agregado ao radical.

c

as palavras formadas a partir do estrangeirismo “photoshop” constituem jargões restritos à área de informática.

d

a grafia abrasileirada de “fotoxopou”, diferentemente de “hollywoodiano”, no 1.º parágrafo, é uma prova de que o software se popularizou no mundo.

e

apesar de não ter sido mencionado no texto, também seria possível transformar “Photoshop” em advérbio de modo: “fotoxopalmente”.

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Resposta
E
Tempo médio
5 min

Resolução

A questão analisa o fenômeno linguístico da formação de novas palavras (neologismos) a partir do nome de um produto estrangeiro, "Photoshop", conforme descrito no texto. O objetivo é identificar a afirmação correta sobre as variações linguísticas exploradas a partir desse termo.

1. Análise do Texto: O texto destaca a popularidade do software Photoshop, a ponto de seu nome se tornar "sinônimo de categoria e verbo", além de "adjetivo, substantivo, pejorativo". Menciona a forma verbal "fotoxopou", uma adaptação aportuguesada.

2. Avaliação das Alternativas:

  • A: Incorreta. "Fotoxopou" é formado por derivação sufixal (adição de sufixo verbal a uma base adaptada do inglês "Photoshop") e adaptação fonética/ortográfica. "Design" é um empréstimo linguístico (estrangeirismo) usado em sua forma original. São processos distintos.
  • B: Incorreta. O valor pejorativo (depreciativo) associado a algo "fotoxopado" não vem apenas do sufixo "-ado" (que forma particípios/adjetivos), mas do sentido de artificialidade, manipulação ou falsificação que o retoque de imagem pode carregar no contexto de uso. A semântica da palavra, influenciada pelo contexto cultural, é crucial.
  • C: Incorreta. O texto afirma explicitamente o contrário: "o Photoshop é unanimidade" e é mencionado "com familiaridade até por quem não faça ideia de como ele funciona", contrastando com o AutoCAD, que é restrito a um nicho. Portanto, as palavras derivadas de "Photoshop" não são restritas à área de informática.
  • D: Incorreta. A grafia "fotoxopou" demonstra a popularização e integração do termo no *português brasileiro*, não necessariamente no mundo todo (outras línguas podem ter adaptações diferentes ou nenhuma). A comparação com "hollywoodiano" (formado pelo sufixo "-iano") não sustenta a conclusão sobre a popularização mundial baseada apenas na grafia adaptada.
  • E: Correta. A língua portuguesa possui mecanismos regulares de formação de palavras. Um deles é a criação de advérbios de modo pela adição do sufixo "-mente" à forma feminina de um adjetivo. Se "Photoshop" gera adjetivos (como "fotoxopado", implícito no texto ao mencionar "adjetivo" e "pejorativo"), é morfologicamente possível formar o advérbio "fotoxopalmente" (de modo fotoxopado/artificial), mesmo que essa palavra não seja de uso corrente ou não esteja no texto. O texto ressalta a versatilidade do termo em gerar novas formas ("verbo", "adjetivo", "substantivo"), e a formação adverbial é uma extensão plausível dessa capacidade derivacional dentro das regras do português.

Conclusão:

A alternativa E descreve corretamente uma possibilidade de derivação morfológica na língua portuguesa a partir do termo "Photoshop", alinhada com a flexibilidade de formação de palavras destacada no texto.

Dicas

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Pense em como novas palavras são formadas em português, especialmente a partir de nomes de marcas ou termos estrangeiros.
O texto diz que 'Photoshop' virou verbo, adjetivo e substantivo. Como se formam essas classes de palavras e outras, como advérbios?
Avalie se cada afirmação sobre a formação ou uso das palavras derivadas de 'Photoshop' está de acordo com as regras do português e com o que o texto diz.

Erros Comuns

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Confundir adaptação/aportuguesamento com outros processos de formação de palavras, como derivação pura ou empréstimo direto.
Acreditar que o significado pejorativo de uma palavra deriva apenas de seu sufixo, ignorando o contexto semântico.
Interpretar mal o alcance da popularidade do termo (restrito vs. geral) conforme descrito no texto.
Assumir que uma forma linguística só é válida se for de uso comum ou estiver explicitamente no texto, ignorando a potencialidade morfológica da língua.
Não reconhecer as regras padrão de formação de advérbios em português.
Revisão

Revisão de Conceitos:

  • Neologismo: Criação de novas palavras, expressões ou atribuição de novos sentidos a palavras já existentes em uma língua. Pode ocorrer por processos morfológicos (derivação, composição), empréstimo de outras línguas, ou adaptação.
  • Processos de Formação de Palavras:
    • Derivação: Formação de novas palavras a partir de uma já existente (radical), com acréscimo de afixos (prefixos, sufixos). Ex: foto + xopar -> fotoxopar (sufixação verbal).
    • Composição: Junção de dois ou more radicais. Ex: guarda-chuva.
    • Empréstimo Linguístico (Estrangeirismo): Adoção de palavras de outras línguas. Ex: design, software, marketing.
    • Adaptação/Aportuguesamento: Modificação fonética e/ou gráfica de um empréstimo para adequá-lo às estruturas do português. Ex: Photoshop -> fotoxopar; deletar (do inglês 'delete').
  • Classes Gramaticais: Palavras podem pertencer a diferentes classes (substantivo, verbo, adjetivo, advérbio). É comum que um mesmo radical dê origem a palavras de classes diferentes através de derivação (Ex: belo (adjetivo) -> beleza (substantivo) -> embelezar (verbo)).
  • Formação de Advérbios em "-mente": Em português, muitos advérbios de modo são formados pelo acréscimo do sufixo "-mente" à forma feminina do adjetivo correspondente (Ex: rápido -> rápida -> rapidamente).
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