“Quem defende erradicação do trabalho infantil, cultura contra palmadas, enfrentamento da proposta de redução da idade penal, é porque não sabe que na vida a gente aprende é com o tranco e com castigo e trabalho mesmo”. Essas afirmações retratam o senso comum de boa parte da sociedade brasileira, que perpetua a cultura de uma possível “educação” forjada na desvalorização e vulgarização dos direitos conquistados ao longo dos últimos anos de crianças e adolescentes como sujeitos de direitos e em condição peculiar de desenvolvimento. Fomos acostumados a ver meninos e meninas trabalhando na lavoura, nos serviços domésticos, no comércio, na fabricação de produtos artesanais ou industrializados e nas esquinas de semáforos de nossos centros e periferias urbanas, como se isso fosse uma forma de exercer sua condição humana de ganhar a vida, ou de se educar para o necessário mundo do trabalho.
Com relação ao direito que as crianças e os adolescentes têm de viver sua condição especial de aprendizagem e desenvolvimento, é correto dizer que, EXCETO:
A vida é feita de uma perspectiva laboral. Trabalhar não é um mal, faz parte da vida humana, por isso crianças e adolescentes devem se submeter à responsabilidade precoce da roda da sobrevivência como uma forma de exercer sua condição humana de ganhar a vida.
Gastar tempo em jogos, brincadeiras e em momentos de criação e imaginação na infância é promover seres humanos com suas potencialidades desenvolvidas de maneira singular e oportuna, aliados de um eficaz processo educacional.
Há uma concepção equivocada, distorcida e danosa historicamente por pessoas que acreditam firmemente no “poder da educação” para crianças e adolescentes por meio exclusivo do trabalho precoce.
Esta cultura de submeter crianças a mecanismos de trabalho aponta para um adultocentrismo da infância e uma anulação do princípio que rege as condições deste período de existência.