Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei.
SANTO AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril, 1973.
No fragmento, a constatação do pensador apoia-se na
diferença entre compreender e explicar o tema.
impossibilidade de uma reflexão objetiva.
insuficiência da inteligência humana.
correlação entre familiaridade e estranhamento.