ENEM 2015

Quanto ao “choque de civilizações”, é bom lembrar a carta de uma menina americana de sete anos cujo pai era piloto na Guerra do Afeganistão: ela escreveu que – embora amasse muito seu pai – estava pronta a deixá-lo morrer, a sacrificá-lo por seu país. Quando o presidente Bush citou suas palavras, elas foram entendidas como manifestação “normal” de patriotismo americano; vamos conduzir uma experiência mental simples e imaginar uma menina árabe maometana pateticamente lendo para as câmeras as mesmas palavras a respeito do pai que lutava pelo Talibã – não é necessário pensar muito sobre qual teria sido a nossa reação.

ZIZEK. S. Bem-vindo ao deserto do real. São Paulo: Bom Tempo. 2003.

 

 

A situação imaginária proposta pelo autor explicita o desafio cultural do(a)

a

prática da diplomacia.

b

exercício da alteridade.

c

expansão da democracia.

d

universalização do progresso.

e

conquista da autodeterminação.

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Resposta
B
Tempo médio
1 min

Resolução

A questão apresenta um trecho do filósofo Slavoj Žižek que propõe uma "experiência mental" para discutir a percepção cultural no contexto do "choque de civilizações".

  1. Análise do Texto Base: O autor descreve uma situação real: uma menina americana de 7 anos expressa patriotismo extremo, disposta a sacrificar o pai (piloto na Guerra do Afeganistão) pelo país. Essa declaração foi vista como "normal" e patriótica pelo presidente Bush e, presume-se, pela sociedade americana.
  2. A Experiência Mental: Žižek pede para imaginarmos uma situação análoga: uma menina "árabe maometana" dizendo o mesmo sobre seu pai, um combatente do Talibã. Ele sugere que nossa reação a essa segunda situação seria drasticamente diferente, provavelmente negativa (horror, indignação, etc.).
  3. Identificação do Ponto Central: A diferença fundamental não está no conteúdo da declaração (ambas expressam um patriotismo sacrificial extremo), mas em *quem* a está dizendo e em *qual contexto* (americana vs. afegã/talibã). Isso revela um viés na nossa percepção: o que é aceitável ou até louvável em "nós" (ou em quem consideramos aliado/similar) é visto como chocante ou inaceitável no "outro".
  4. Relação com as Alternativas: A questão pergunta qual desafio cultural essa situação imaginária explicita.
    • A - Prática da diplomacia: A diplomacia trata das relações formais entre Estados, o que não é o foco do exemplo, que lida com percepções culturais e julgamentos morais.
    • B - Exercício da alteridade: Alteridade é a capacidade de reconhecer, respeitar e compreender o "outro" em sua diferença. O exemplo de Žižek mostra justamente a *dificuldade* ou o *fracasso* nesse exercício: não conseguimos (ou nos recusamos a) ver a perspectiva da menina afegã com a mesma lente que vemos a da menina americana. Julgamos o "outro" por padrões diferentes dos que aplicamos a "nós". Este é o desafio cultural central apontado.
    • C - Expansão da democracia: O texto não discute regimes políticos ou a expansão da democracia.
    • D - Universalização do progresso: Embora o "choque de civilizações" possa envolver ideias sobre progresso, o foco do exemplo é a percepção e o julgamento moral diferenciado, não o progresso em si.
    • E - Conquista da autodeterminação: Autodeterminação refere-se ao direito de um povo governar a si mesmo, o que não está em discussão no exemplo.
  5. Conclusão: A dificuldade em aplicar o mesmo critério de julgamento e compreensão a diferentes grupos culturais, evidenciada pela reação distinta aos dois cenários hipotéticos, demonstra um desafio no exercício da alteridade. Portanto, a alternativa B é a correta.

Dicas

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Qual é a principal diferença entre a reação à fala da menina americana e a provável reação à fala da menina afegã?
O que essa diferença de reação revela sobre nossa capacidade de entender ou aceitar o ponto de vista do 'outro'?
Procure a alternativa que descreve a dificuldade em se colocar no lugar do outro e reconhecer sua perspectiva como válida ou compreensível.

Erros Comuns

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Interpretar o texto literalmente como uma discussão sobre patriotismo, sem perceber a comparação e a crítica implícita à parcialidade do julgamento.
Focar excessivamente na expressão "choque de civilizações" e associá-la a ideias gerais de conflito ou progresso (opção D), em vez de analisar o exemplo específico.
Não compreender o conceito de "alteridade" e sua aplicação na análise de percepções culturais e etnocentrismo.
Confundir o desafio cultural apontado com questões políticas mais amplas, como diplomacia (A) ou democracia (C).
Revisão

Alteridade:

Refere-se à concepção que parte do pressuposto de que todo ser humano social interage e interdepende de outros indivíduos. Assim, a existência do "eu" individual só é permitida mediante o contato com o "outro" (pessoas, sociedades, culturas diferentes). O exercício da alteridade implica em reconhecer e respeitar essa diferença, tentando compreender a perspectiva do outro sem impor os próprios valores (evitando o etnocentrismo).

Choque de Civilizações:

É uma teoria proposta por Samuel Huntington que sugere que os principais conflitos no mundo pós-Guerra Fria ocorreriam não mais por ideologias políticas, mas sim entre diferentes "civilizações" baseadas em identidades culturais e religiosas. O texto usa esse contexto como pano de fundo para discutir a percepção cultural.

17%
Taxa de acerto
7.3
Média de pontos TRI
Habilidade

Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.

Porcentagem de alternativa escolhida por nota TRI
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