Quando o filósofo canadense Marshall McLuhan (1989) cunhou a expressão “aldeia global” como paradigma da sociedade contemporânea, buscou inspiração na TV, meio de comunicação capaz de divulgar notícias a qualquer ponto do planeta de modo quase instantâneo. Seria o advento da internet, porém, que viria a propiciar as condições para o surgimento de uma sociedade verdadeiramente conectada em escala global. Tendo em conta o caráter desigual da geografia de acesso à internet no mundo, é discutível até que ponto a visão de McLuhan encontra amparo na realidade.
Estatísticas de 2009 estimavam que o número de pessoas que acessavam a internet no mundo era da ordem de 1,6 bilhão. Trata-se de uma cifra impressionante, sobretudo tendo em conta que a internet começou a se popularizar somente na década de 1990. Entretanto, há que se ter presente que esse número corresponde a menos de 25% da população mundial e sua distribuição geográfica não é equilibrada.
Estados Unidos e Canadá, que juntos detêm 5% da população do planeta, reuniam, em 2009, 16% do total mundial de pessoas com acesso à internet. O continente africano possuía 15% da população do globo e tinha apenas 4% do total mundial de usuários.
(Governança da Internet, 2011. Adaptado.)
O texto cita Marshall McLuhan a fim de mostrar que
o surgimento da internet confirmou a previsão expressa no conceito de “aldeia global”, segundo o qual as tecnologias produziriam uma sociedade global mais justa.
a desigualdade social entre os povos é produzida pela tecnologia, que ininterruptamente torna mais fácil a exploração dos pobres pelos ricos.
o conceito “aldeia global”, moldado sob a inspiração da televisão, tornou-se obsoleto com a conectividade ainda mais intensa a partir do surgimento da internet.
a ideia de uma “aldeia global” homogênea esconde o fato de que a tecnologia que propicia a conexão entre as pessoas é mais acessível em países ricos do que em países pobres.
a internet veio a preencher em todo o globo os vazios de comunicação que a tecnologia anterior, a televisão, não ocupava.