Quando, no final do século XVIII, isto é, no início do romantismo, as formas da cultura medieval começaram a ser percebidas como valores legítimos, a primeira coisa que se descobriu foi a cavalaria. O primeiro romantismo tendia a identificar Idade Média e cavalaria, com olhos apenas para as plumas tremulantes sobre os capacetes. E, por paradoxal que possa parecer, tinha certa razão. Estudos mais profundos nos ensinaram que a cavalaria é apenas uma fração da cultura daquela época e que o desenvolvimento político e social se deu majoritariamente fora dessa forma cultural.
(Huizinga, Johan – O Outono da Idade Média – estudo sobre as formas de vida e de pensamento dos séculos XIV e XV na França e nos Países Baixos -São Paulo: COSAC NAIFY, 2010 - p. 85)
A obra ao lado citada é considerada uma das melhores contribuições historiográficas referente ao tema Idade Média. Seu autor, o holandês Johan Huizinga, só a considerou completa em sua quinta edição, em 1940, após várias revisões.
Nesta obra, Huizinga faz uma profunda análise do final da Idade Média e, como ilustra bem o trecho selecionado,
compara o movimento romântico à valorização da ordem burguesa, que surgia durante o chamado Outono da Idade Média.
aponta a Idade Média como uma época exclusivamente nobiliárquica, sem outros componentes culturais relevantes.
entende a Idade Média como uma natural continuidade da Antiguidade, com predomínio da razão sobre o espiritualismo.
Mostra como a visão romântica foi sendo substituída por uma percepção mais abrangente da sociedade medieval.