Quando falo de humanidade, não estou falando só Homo sapiens, me refiro a uma imensidão de seres que nós excluímos desde sempre: caçamos a baleia, tiramos barbatanas de tubarão, matamos leão e o penduramos na parede para mostrar que somos mais bravos que ele. Além da matança de todos os outros humanos que nós achamos que não tinham nada, que estavam aí só para nos suprir com roupa, comida, abrigo. Somos a praga do planeta, uma espécie de ameba gigante. Ao longo da história, os humanos, aliás, esse clube exclusivo da humanidade - que está na declaração universal dos direitos humanos e nos protocolos das instituições -, foram devastando tudo ao seu redor. É como se tivessem elegido uma casta, a humanidade, e todos que estão fora dela são as sub-humanidades. Não são só os caiçaras, quilombolas e os povos indígenas, mas toda vida que deliberadamente largamos à margem do caminho.
O trecho acima, da obra "A vida não é útil" é de autoria do escritor, jornalista, ambientalista e líder indígena. Em obras como "Ideias para adiar o fim do mundo", "O amanhã não está à venda" e "Lugares de origem", pode-se refletir acerca de problemas socioambientais da contemporaneidade, principalmente, sob o ponto de vista dos povos indígenas. Teve papel importante nas discussões da Assembleia Constituinte, que deram origem ao "Capítulo dos índios", na Constituição Federal. Foi homenageado como comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República e recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Juiz de Fora (UFJF). Sua obra se tornou obrigatória nas principais provas de seleção do país. Crítico do sistema capitalista e da percepção eurocêntrica do que significa ser uma civilização. Em 2022, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, debateu acerca do capitalismo e do colonialismo no processo de formação do povo brasileiro. Ele diz que o nosso cotidiano é a reprodução de toda essa narrativa patriarcal, colonialista e hierarquizante (Diaz, 2022). Está se falando de:
Ailton Krenak.
Olívio Jekupé.
Daniel Munduruku.
Raoni Metuktire.
Jacir de Souza Macuxi.