“Qualquer pessoa familiarizada com os manuais de sociologia clássica é capaz de recitar de cor os pensadores canônicos apontados como os pais fundadores das ciências sociais. Os autores que compõem esse cânone, apesar de pequenas variações, têm uma característica comum: todos são homens”.
Adaptado de DAFLON & SORJ (org.s). Clássicas do pensamento social: mulheres e feminismos no século XIX. RJ: Rosa dos Tempos, 2021, p. 9.
Para as autoras, a ausência de mulheres entre os pensadores que delimitaram o campo teórico da teoria social no século XIX deve ser explicada:
pela subordinação e opressão das mulheres na sociedade patriarcal, impedindo-as de se apropriarem dos meios necessários para produzir teoria social.
pelo desinteresse feminino por temas epistemológicos relativos às grandes transformações socioeconômicas, preferindo temas da vida privada.
pela posição subalterna ocupada pelas mulheres na sociedade, confinando-as ao lar, à função de esposa e mãe e ao trabalho precarizado.
pelo modo como as ciências sociais foram institucionalizadas por sociólogos homens, elegendo autores e temas que excluíram investigações ligadas à questão de gênero.
pela dificuldade de investigar a produção intelectual feminina, estando ausente dos arquivos públicos que privilegiavam testemunhos oficiais.