Por que mentias? Por que mentias leviana e bela?
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre, e se minha vida
Tu vias desmaiar, por que mentias?
Acordei da ilusão, a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?
[...]
Vê minha palidez ‒ a febre lenta
Esse fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito! Eu morro! eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?
Fonte: ÁLVARES DE AZEVEDO, 1994. p. 87.
Ainda uma vez ‒ adeus! ‒ [XVIII]
Lerás porém algum dia
Meus versos, d'alma arrancados,
D'amargo pranto banhados,
Com sangue escritos; ‒ e então
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiade,
Que chores, não de saudade,
Nem de amor, ‒ de compaixão.
Fonte: GONÇALVES DIAS, 2000. p. 63-68.
Uma leitura comparativa dos excertos permite afirmar que os dois eus-líricos