UNIFENAS manhã 2014/1

Poema de sete faces

 

Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida.

 

As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.

 

O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.

 

O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.

 

Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.

 

Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é o meu coração.

 

Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. In Nova Reunião - 19 Livros de Poesia / Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro. Ed. José Olímpio, 1983. p.3-4.) 

Avalie as seguintes afirmações sobre o texto acima.

I – Como se observa, o poema de Carlos Drummond de Andrade apresenta sete estrofes, equivalentes às sete faces referidas no título.

II – Como numa colagem cubista, o poema revela uma aparente desconexão entre as estrofes, como se o poeta captasse flashes da realidade.

III – O poema pode ser tomado como autobiográfico, contribuindo para essa constatação, além da autocitação presente na primeira estrofe, todos os versos da quarta “face”.

IV – Ao identificar-se com um anjo, o poeta sugere uma visão de si mesmo como torto, ser às avessas, não enquadrado, incapaz de estabelecer uma ligação com a realidade circundante. Essa espécie de autocrítica jamais será totalmente deixada de lado nas obras subsequentes, em toda a trajetória poética do autor.

V – Definindo-se como gauche, Drummond, numa atitude de irreverência típica herdada da primeira fase modernista (que faz lembrar Oswald de Andrade), acena para o fato de que o humor e a ironia são os elementos essenciais desse poema, desvestido, assim, de qualquer intenção reflexiva ou filosófica. 

a

todas corretas, sem exceção.

b

todas corretas, com única exceção.

c

todas corretas, exceto IV e V.

d

todas corretas, exceto II e III.

e

todas incorretas, exceto I e II.

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B
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