Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
— Respire.
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Manuel Bandeira. Antologia poética. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 2001 (com adaptações).
Tendo em vista a estética modernista brasileira, é correto afirmar que, no poema Pneumotórax,
incorporam-se elementos do cotidiano, o que era comum no Modernismo brasileiro.
verifica-se organização linguística própria do Simbolismo.
evocam-se solenemente imagens que representam o destino humano.
não se apresenta praticamente nenhum traço estético do Modernismo.