Pesquisadores de Pernambuco notificaram um surto de esquistossomose aguda na praia de Porto de Galinhas (PE) em 2000, quando 662 pessoas tiveram diagnóstico positivo. A infecção humana em massa ocorreu no feriado de 7 de setembro, quando chuvas pesadas provocaram a enchente do rio Ipojuca que invadiu as residências. A maioria dos casos agudos foi em residentes locais que tiveram exposição diária às cercarias durante três semanas, até que as águas baixassem.
(Fonte: BARBOSA, C. S. et al. 2001. Epidemia de esquistossomose aguida na praia de Porto de Galinhas. Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, H(3): 725-728, mai-jun, 2001.)
Após análise dos resultados, os pesquisadores levantaram algumas hipóteses, sendo a mais plausível para explicar o surto a seguinte:
Caramujos de Biomphalaria glabrata foram trazidos pelas enchentes, colonizando as margens do estuário e áreas alagadas das residências. Cercarias presentes no ambiente penetraram no caramujo, desenvolvendo-se até a fase adulta. O consumo de caramujos do mangue levou à contaminação das pessoas.
As pessoas foram infectadas diretamente pelo platelminto parasita Schistosoma mansoni através da ingestão da água contaminada, durante a enchente.
O estabelecimento de residências nessas áreas exigiu uma quantidade considerável de areia tanto para aterros como para a preparação das massas utilizadas na construção. Essa areia, procedente de leitos de rios, pode ter sido o veículo que introduziu a espécie Biomphalaria glabrata na localidade.
Após a enchente, o terreno das casas e a areia da praia foram infestados por Schistosoma mansoni, e o contato com a pele permitiu a contaminação das pessoas. A fase larval da espécie está relacionada, diretamente, à falta de saneamento básico.
As larvas de Schistosoma mansoni infectaram animais domésticos, como porcos, e as fezes, emcontato com a pele humana, permitiram a contaminação das pessoas após a enchente do rio Ipojuca.