Perséfone
A Lua testemunhou teu rapto, quando
colhias violetas e anêmonas. Para onde foste,
arrancada à campina pelo sombrio Amante?
Nem tu sabias do tenebroso percurso sob a Terra,
antes tão doce, nem da dança para sempre traçada
e nela teu passo aprisionado, coroada por Hades
com grinalda de romãs pesadas. Kóre Perséfone, rainha,
não dos vivos e da campina em flor, mas das sombras frias.
SILVA, Dora Ferreira, Hídrias, São Paulo: Odysseus, 2004, p.54.
No poema Perséfone, apresentado acima,
a autora dialoga com a mitologia grega de forma metafórica, uma vez que Hades é o “sombrio amante” e que o reino dos mortos, para onde foi levada Perséfone, é o “tenebroso percurso sob a terra”.
a intertextualidade com a mitologia grega demonstra o domínio da autora em relação aos mitos gregos, uma vez que Perséfone, depois de raptada, é descrita como a rainha das danças e das campinas.
a poeta tece um vigoroso discurso intertextual com a mitologia grega, ao reafirmar que Hades, o príncipe da morte e dos infernos, é o culpado de raptar a Lua, deixando a Terra sombria e tenebrosa.
a autora dialoga com a mitologia grega, reafirmando que Perséfone é arrancada pela Lua de seu mundo ensolarado e doce, para viver com Hades no reino escuro e sombrio da morte.