PUC-Rio 2015/1

Período de intensas discussões e questionamentos acerca dos rumos da República, os “anos 20” foram uma época de crise, mas também de fertilidade da vida brasileira. Naquele momento, variados projetos políticos e culturais foram elaborados tendo por objetivos organizar a sociedade e propiciar um sentido de pertencimento à população brasileira.
A respeito da forma como se comportaram os distintos grupos sociais frente a esses projetos, assinale a afirmativa CORRETA.
a
A ausência de leis trabalhistas e a repressão imposta pelo governo impediam qualquer mobilização entre os trabalhadores urbanos, que se mantiveram alheios ao debate.
b
Entre a jovem oficialidade militar brasileira, o chamado movimento tenentista questionava o caráter oligárquico da República brasileira e clamava por um papel proeminente das camadas populares na condução dos rumos da nação.
c
O movimento artístico e cultural modernista, surgido no seio das camadas populares, propunha-se a descobrir a “essência” da brasilidade a partir da valorização de aspectos regionais da sociedade brasileira.
d
A despeito dos questionamentos aos rumos da República, a Igreja Católica continuava a ser uma fiel aliada dos governos da Primeira República em função da manutenção da união Estado-Igreja, garantida pela Constituição de 1891, e da valorização do ensino religioso nas escolas. 
e
A precariedade de educação e de saúde da maior parte da população eram entendidas por educadores e sanitaristas como um entrave ao desenvolvimento da nação brasileira. Por essa razão, alguns deles defendiam a necessidade da formulação de projetos nacionais unificados de ensino e saúde públicos que pressupunham uma reforma do Estado brasileiro.
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Resposta
E

Resolução

Para resolver a questão, devemos comparar cada alternativa com o contexto histórico dos anos 1920 no Brasil, identificando se os grupos sociais mencionados realmente se comportaram conforme descrito.

  1. Analisar a afirmação de mobilização operária: apesar da ausência de leis trabalhistas consolidadas, houve greves importantes (Greve Geral de 1917, greves em São Paulo em 1920), logo a alternativa A está incorreta.
  2. Verificar o tenentismo: embora questionasse o oligárquico, seu foco não era empoderar as camadas populares, mas reformar a República via ação militar; por isso, B está incorreta.
  3. Examinar a origem do modernismo: nasceu em 1922 por intelectuais e artistas da elite urbana (Semana de 22), não das camadas populares; assim, C está incorreta.
  4. Analisar a relação Estado–Igreja: com a Constituição de 1891 houve separação oficial; a Igreja Católica perdeu o status de religião oficial e não garantia ensino religioso obrigatório. Logo, D está incorreta.
  5. Estudar a atuação de educadores e sanitaristas: nomes como Rui Barbosa (educação) e Oswaldo Cruz (saneamento) viam a carência de ensino e saúde como obstáculo ao progresso e propunham projetos nacionais de reforma do Estado para universalização desses serviços. Essa descrição corresponde à alternativa E, a correta.

Resposta: E

Dicas

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Lembre-se das grandes greves urbanas após 1917.
Pense nos nomes de sanitaristas como Oswaldo Cruz e suas propostas.
Recorde que a Semana de 22 foi organizada por intelectuais paulistas.

Erros Comuns

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Achar que a repressão impedia totalmente a organização operária, ignorando as greves da época.
Associar o tenentismo diretamente a movimentos populares com base de massa.
Enxergar o modernismo como movimento de base popular em vez de elite intelectual.
Supor que a Igreja manteve privilégio oficial após 1891 sem contestação.
Revisão

Conceitos-chave

  • Movimento operário (década de 1920): greves e reivindicações em São Paulo e Rio de Janeiro, apesar da falta de legislação trabalhista.
  • Tenentismo: movimento de oficiais jovens que exigiam reformas políticas e criticavam o sistema oligárquico, mas sem base popular organizada.
  • Modernismo (Semana de 22): expressão cultural de elite artística urbana, valorizando traços regionais, mas não nascido nas camadas populares.
  • Relação Estado–Igreja: após 1891, houve separação formal; o ensino religioso perdeu caráter obrigatório e a Igreja buscou nova aproximação social.
  • Sanitarismo e educação: sanitaristas (Oswaldo Cruz, Carlos Chagas) e educadores (Rui Barbosa) pressionavam por políticas públicas unificadas para saúde e ensino como base do desenvolvimento.
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