Pelas características apresentadas - traços de expressionismo, preferência pelo “mau gosto”, pelo escarro, poesia trabalhada, com linguagem cientista-naturalista e, ao mesmo tempo, marcada pelo pessimismo, pela angústia e pela presença da morte e depois dela a desintegração e os vermes – o soneto abaixo filia-se ao simbolismo do poeta
O POETA DO HEDIONDO
Sofro aceleradíssimas pancadas
No coração. Ataca-me a existência
A mortificadora coalescência
Das desgraças humanas congregadas!
Em alucinatórias cavalgadas,
Eu sinto, então, sondando-me a consciência
A ultra-inquisitorial clarividência
De todas as neuronas acordadas!
Quanto me dói no cérebro esta sonda!
Ah! Certamente eu sou a mais hedionda
Genereralização do Desconforto...
Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos do caminho
A poesia de tudo quanto é morto!
Cruz e Sousa, admirável evocador de sons e imagens, formidável e ao mesmo tempo delicado criador de sonho.
Alphonsus de Guimarães, poeta da ausência da distância, do além, que respirava perfumes de flores inexistentes.
Álvares de Azevedo, dupla face da poesia ultrarromântica: anjo e demônio habitam as cavernas de um mesmo cérebro.
Casto Alves, poeta da liberdade, da poesia que frequenta os porões imundos, solta um grito agoniado e contagia as massas.
Augusto dos Anjos: filho do carbono e do amoníaco que faz romper as conveniências verbais e sociais da poesia.