Passadas tantas décadas, estamos de novo preocupados com a modernidade de 22. Os fragmentos futuristas de Miramar e a rapsódia de Macunaíma são apontados sempre como altos modelos de vanguarda literária. Mas e o que veio depois? Nas melhores obras de autores como Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Dalton Trevisan, João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, já se desfaz aquela mistura ideológica e datada de mitologia e tecnicismo que o movimento de 22 começou a propor e algumas vanguardas de 60 repetiram, até virarem em esquema e norma. Saber descobrir o sentido ora especular, ora resistente dessa literatura moderna sem modernismo é uma das tarefas prioritárias da crítica brasileira.
(Adaptado de: BOSI, Alfredo. “Moderno e modernista na literatura brasileira”. In: Céu, inferno. São Paulo: Ática, 1988, p. 126)
Dentre as vanguardas artísticas europeias que emergiram no entreguerras, destaca-se o
futurismo, movimento artístico e literário surgido na Itália, marcado pela publicação do Manifesto Futurista de Filippo Marinetti, que anunciava uma nova ordem após a destruição massiva provocada pela guerra.
surrealismo, vanguarda que despontou na França, bastante influenciada pela psicanálise, que teve como um de seus principais expoentes André Breton e valorizava os impulsos do inconsciente ante a crise da racionalidade provocada pela guerra.
expressionismo, movimento artístico que aflorou na Alemanha, liderado por Pablo Picasso, voltado à denúncia realista do terrível quadro social provocado pela derrota desse país na guerra.
impressionismo, gênero pictórico que emergiu nos Países Baixos e na França, marcado pela subjetividade, pela melancolia e pela angústia suscitados nos indivíduos traumatizados pela guerra.
fauvismo, corrente artística cujo nome deriva de “fauve”, fera em francês, que tinha por objetivo retratar o mundo bárbaro, não civilizado, porém exótico e capaz de apresentar novos paradigmas de modernidade à Europa arrasada após a guerra.